O ex-secretário de Governo e Gestão Pública, Marco Cito, chegou à Câmara Municipal de Londrina por volta das 14h15 desta segunda-feira para prestar depoimento para Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Educação, que investiga a compra de uniformes por "carona" e a aquisição dos polêmicos livros "Vivenciando a Cultura Afro-brasileira e Indígena", considerado racista por entidades londrinenses.
Cito, preso no dia 24 de abril por causa da tentativa de suborno do vereador Amauri Cardoso (PSDB), foi escoltado da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 2) até a Câmara. Ele não estava algemado e chegou ao local sem o uniforme da penitenciária.
O presidente da CEI, vereador Rony Alves (PTB), afirmou que o depoimento "chave" colaborou muito com as investigações.
O ex-secretário, que foi até à Câmara na condição de testemunha, ajudou até na seleção de inúmeros documentos em posse da CEI, apontando os mais importantes, como as autorizações de compras assinadas pelos secretários e pelo prefeito Barbosa Neto.
De acordo com o presidente da Comissão, uma revelação feita por Marco Cito é que o prefeito Barbosa Neto assinou juntamente com os secretários os dois processos de inelegibilidade de licitação, tanto da compra dos livros, como dos uniformes. "Foi a primeira vez que o prefeito Barbosa Neto foi citado durante um depoimento na CEI. É muito cedo ainda para qualquer conclusão, mas podemos dizer que o nosso trabalho está perto do fim", disse o presidente.
Alves declarou que Cito responsabilizou a ex-secretária de Educação, Karin Sabec, em 90% das supostas irregularidades investigadas. A justificativa do ex-secretário é que a pasta de Gestão Pública é uma intermediária no processo de compra solicitada pela Secretaria de Educação.
"Ele afirmou que sua pasta era uma secretaria meio e que coube a Educação todos os atos e pareceres atendidos pela Gestão Pública, com aval da Controladoria e da Procuradoria Geral do Município", explicou Rony Alves.
Rony Alves também afirmou que a CEI está intrigada com o nome de um empresário chamado José Lemes, suposto dono de uma empresa que perdeu licitação dos uniformes, mas que seria o representante das outras duas empresas que forneceram os mesmos produtos para a prefeitura. "O Marco Cito confirmou esta versão, mas disse que quem tem mais informações sobre este fato é a secretaria de Educação. Por isto o depoimento desta próxima quarta-feira (30), da ex-secretária Karin Sabec é muito importante para a CEI", garantiu o presidente.
Cito ainda disse que a compra dos livros "racistas" já chegaram até a Gestão Pública sem o desconto de 18% e que, assim, a opção de abrir mão do valor economizado foi da Secretaria de Educação.
Após os esclarecimentos, Cito afirmou que gostaria de conceder entrevista coletiva à imprensa, no entanto, não recebeu autorização da 3ª Vara Criminal. Na saída, integrantes do movimento popular Por Amor a Londrina lavaram a calçada da Câmara utilizada pelo ex-secretário para entrar na viatura.
A CEI da Educação volta a se reunir na próxima quarta-feira (30), para colher o depoimento da ex-secretária Karin Sabec Vianna.