O auditor José Aparecido Valêncio da Silva, coordenador da Receita Estadual do Paraná, cargo máximo do órgão, entregou ontem (21) seu pedido de demissão. Valêncio, conforme apurou a FOLHA em reportagem publicada no último domingo, teria sido citado pelo auditor Luiz Antonio de Souza, que recentemente decidiu colaborar com as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), como integrante da quadrilha que achacava empresários que sonegavam impostos estaduais.
Em nota encaminhada pelos advogados criminalistas Gilson Bonato e Ronaldo dos Santos Costa, contratados por Valêncio, o auditor afirma que sua exoneração tem a finalidade de "preservar a imagem da instituição e de demonstrar a ausência de qualquer possibilidade ou intenção de cometer ingerências ou estorvos na investigação ou na instrução processual".
Além de deixar o cargo de chefia, Valêncio informa que vai tirar férias, afastando-se também das funções de auditor, "a fim de demonstrar cabalmente a sua isenção na condução dos procedimentos investigatórios"
Apesar disso, afirmou o auditor, "repudia, com veemência e indignação, qualquer alegação de participação sua em fatos ilícitos relacionados à sua conduta junto à CRE (Coordenadoria da Receita Estadual)" e diz que "tomará todas as medidas necessárias para responsabilizar judicialmente a toda e qualquer tentativa infundada de vinculação indevida de seu nome a atividades ilícitas".
A Secretaria Estadual de Fazenda (Sefa) não se pronunciou sobre o pedido de exoneração e tampouco informou quem será o substituto. Na semana passada, o secretário de Fazenda, Mauro Ricardo Costa, ao ser questionado sobre a possível implicação de Valêncio no esquema de corrupção da Receita, disse, por meio da assessoria de imprensa, que todas as denúncias contra servidores seriam investigadas e, se houver comprovação, os responsáveis serão punidos, "doa a quem doer".
A organização criminosa, segundo denúncia já aceita pela Justiça de Londrina, envolve 62 pessoas, incluindo 15 fiscais de Londrina. Na delação, o auditor Luiz Antonio de Souza afirma que há pelo menos outros 35 fiscais que participariam do esquema ilícito.