Podem chegar a 40 o número de ações propostas pelo Ministério Público (MP) estadual contra ex-diretores do Banestado. Além de sete ações que já tramitam na Justiça, mais de 30 procedimentos investigatórios estão sendo realizados, graças em parte ao material coletado pela CPI do Banestado, que durante oito meses investigou operações irregulares no processo de saneamento e privatização do banco, ocorrido em 2000.
Segundo o promotor responsável pelo caso, Carlos Alberto Homann Choinski, a maior parte das ações refere-se a empréstimos sem garantias e financiamentos irregulares concedidos pelo banco entre 1997 e 2000. Dezenas de ex-diretores e empresas favorecidas pelas operações estão sendo investigados. ''O objetivo é sequestrar os bens dos favorecidos ilegalmente para que o Estado possa abater parte da dívida gerada com o processo de saneamento'', explicou. O prejuízo causado com o saneamento força o Estado a pagar R$ 47 milhões a União por mês até 2029 para quitar a dívida.
Das ações em andamento, a que está mais próxima de uma sentença é a movida contra diretores da Banestado Leasing, acusados de darem um prejuízo de R$ 300 milhões ao banco após concederem financiamentos sem garantia a 24 empresas. Um dos acusados é o ex-diretor da Banestado Leasing Osvaldo Magalhães dos Santos, o Osvaldinho, morto em 1998. Chegou-se a cogitar que o corpo encontrado no local do acidente não seria de Osvaldinho, o que levou os deputados da CPI do Banestado a pedir a exumação do cadáver em novembro.
A Polícia Federal do Rio Grande do Sul concluiu o exame do material genético do ex-diretor, mas ainda não divulgou oficialmente o resultado. Fontes extra-oficiais indicam que o corpo exumado era de fato de Osvaldinho. ''Isso não influencia o trabalho do MP. Os herdeiros do ex-diretor serão acionados para compensar o prejuízo causado, na hipótese do juiz acatar os argumentos do MP'', afirmou.
A maior dificuldade do MP é responsabilizar o Banco Central, que teria sido omisso na apuração das irregularidades. ''Em 2000, o banco já tinha um relatório de 22 mil páginas com irregularidades do Banestado. Esse documento só foi entregue em 2003. Porém, o MP estadual não tem competência para acionar o BC, e cabe aos promotores apenas notificar os órgãos federais competentes.''