A abertura oficial da Semana Farroupilha, no Rio Grande do Sul, está marcada pela polêmica. O advogado e candidato a deputado estadual pelo PPB, José Antônio San Juan Cattaneo, conhecido como Capitão Gay, que já tinha aparecido na primeira semana de setembro, a cavalo, com a pilcha (vestimenta gaúcha) e empunhando a bandeira do Movimento Gay, promete voltar no dia 20, quando acontece o desfile que homenageia a Revolução Farroupilha.
O diretor da festividades, Nelson Lima dos Santos, diz que Cattaneo tem como objetivo se promover, tendo inclusive avisado previamente os jornais de sua chegada ao Parque da Harmonia, onde estão concentrados os tradicionalistas. "Se ele tivesse se inscrito no prazo legal para acampar e tivesse um espaço, teria o direito de permanecer no parque como todos os outros. Cada um tem a sua opção sexual. Não se trata uma questão de machismo. As prendas presentes aqui não gostariam de ver um homem travestido de mulher. Respeitamos muito a trajetória da mulher gaúcha", afirmou.
Nelson informou que existe um regulamento aprovado por todos os cavalarianos, desde o ano passado. "Se ele se enquadrar nos requisitos, poderá desfilar - disse, explicando que existe uma equipe para fiscalizar a vestimenta dos tradicionalistas e os adereços no dia do desfile".
Perguntado, o governador Olívio Dutra (PT), que participa da Semana Farroupilha desde que chegou a Porto Alegre, nos anos 70, saiu pela tangente. Vestido a caráter, disse que, como candidato, Cattaneo deve querer divulgar seu nome. "Mas sou respeitador da opção das pessoas", afirmou o governador.
Já Rogério Bastos, diretor da Fundação Cultural Gaúcha, entidade do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), é mais incisivo: "Nós respeitamos para sermos respeitados. Nossa carta de princípios diz que não devemos aceitar manifestações de promoção individual", afirmou, sem esconder que é contra a presença do Capitão Gay no desfile.