A mulher do pastor Átila Mello, bolsonarista preso nesta quarta-feira (28) por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu em postagem nas redes sociais ação do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Átila é um dos suspeitos de participação na tentativa de invasão ao prédio da Polícia Federal e nos atos de vandalismo que resultaram em incêndios a carros e ônibus em Brasília, no último dia 12. Ele foi preso em São Gonçalo (RJ).
"Cadê você, Bolsonaro? Se posiciona Bolsonaro. O seu povo está perecendo. O seu povo está sendo perseguido. O seu povo está sendo preso por lutar pela causa do Brasil. Cadê você, Bolsonaro? Cadê a sua caneta? Agora é a hora de usar sua caneta, Bolsonaro", disse Carina Mello, em vídeo publicado logo após a prisão do marido.
No vídeo, ela também pede uma ação das Forças Armadas, mote dos acampamentos na frente de quartéis do país. O casal também participou das manifestações em frente ao CML (Comando Militar do Leste), no Rio de Janeiro.
"Acabaram de prender meu marido por estar lutando pela causa do Brasil, por estar defendendo a bandeira. Cadê o Exército, as Forças Armadas, para soltar meu marido? Cadê a direita para defender a gente?"
O silêncio do presidente desde a derrota para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido alvo de críticas de bolsonaristas. Bolsonaro se mantém recluso, o que também alimenta teorias conspiratórias nos grupos antidemocráticos.
O presidente chegou a convocar uma reunião de despedida para esta quarta, mas desistiu. Ele também planeja viajar para os Estados Unidos para passar a virada de ano. Detalhes da viagem continuam ainda sob sigilo.
O mandado de prisão contra Átila é uma das 30 medidas determinadas por Moraes, sendo 11 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão.
A operação ocorre no DF e em mais sete estados: Pará, Tocantins, Ceará, Rio, São Paulo, Rondônia e Mato Grosso. A Polícia Civil do DF também participa da operação, batizada de Nero.
Os ataques à sede da PF e a veículos estacionados nas ruas do entorno do prédio ocorreram naquela noite do dia 12 de dezembro após a prisão do indígena bolsonarista José Acácio Serere Xavante.
O vandalismo é parte da escalada de atos com discurso golpista patrocinados por apoiadores do ainda presidente da República.
O indígena foi preso após pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), que apontou sua participação nos atos antidemocráticos na capital federal.
Os atos antidemocráticos que pedem um golpe militar e escalam em casos de violência pelo país têm sido atiçados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) desde a sua derrota para Lula no segundo turno das eleições.
A escalada da violência nesses atos liderados por bolsonaristas fez desmoronar o discurso público do presidente e de seus aliados, que destacavam as manifestações como ordeiras e pacíficas e buscavam associar protestos violentos a grupos de esquerda.
Com casos de violência que incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio, as manifestações atingiram seu ponto crítico e acenderam o alerta das autoridades, que realizaram prisões e investigam até possível crime de terrorismo.
Os responsáveis poderão ser punidos na Justiça com base na Lei Antiterrorismo, legislação que os próprios bolsonaristas tentaram endurecer visando punir manifestantes de esquerda.
Um dos casos mais recentes de violência ocorreu na véspera de Natal, quando um homem foi preso suspeito de ter tentado explodir um caminhão de combustível, em Brasília. Outro caso foi esse no dia 12, horas após a diplomação de Lula.