O governo "não tem pressa" para decidir se continuará investindo na ampliação da oferta de energia nuclear no país, após o vazamento na usina japonesa de Fukushima, disse nesta sexta-feira (30) o ministro da Ciência e Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante.
O Plano Nacional de Energia brasileiro prevê a construção de quatro a seis usinas nucleares até 2030.
"Como o Brasil tem outras fontes de energia, não temos pressa. Vamos esperar (a revisão) dos protocolos de segurança", disse Mercadante, durante encontro com a imprensa estrangeira no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da USP (Universidade de São Paulo).
Mercadante presidiu na última semana, junto do chanceler japonês, Koichiro Genba, um encontro na ONU sobre segurança nuclear, evento paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas.
O ministro afirmou que a usina nuclear de Angra 3 será concluída. No entanto, ele não deu certeza sobre a construção de novas instalações.
Logo após o vazamento na central de Fukushima, em março deste ano, o coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear, Manuel Diaz Francisco, disse à BBC Brasil que os planos para construir novas plantas continuavam em pé.
Depois do incidente no Japão, diversos países fizeram revisões de seus programas nucleares. A Alemanha anunciou que irá fechar todas suas usinas até 2022. Em um referendo na Itália, mais de 90% dos eleitores votaram pelo fim das usinas atômicas.
Energia solar
Mercadante vê a necessidade de investimentos em ciência e tecnologia para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia.
"Temos um grande potencial eólico", disse o ministro, sobre a energia gerada pelos ventos. "Mas precisamos de investimento em energia solar, que está defasada".
Mercadante defendeu o sistema chamado smart grid, que consiste na produção doméstica de energia a partir de paineis solares instalados nas casas.
Em caso de produção de energia em excesso, é possível vender o adicional doméstico para a rede.
Investimentos
Alem de falar sobre o programa nuclear, Mercadante defendeu a proposta feita nesta semana pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) para que 7% dos royalties do petróleo sejam revertidos ao desenvolvimento tecnológico e à inovação.
A expectativa é que a Câmara dos Deputados vote em outubro o projeto de lei que define a partilha dos royalties do pré-sal.
"O Brasil tem dois diferentes caminhos (a seguir). Nos anos 1970, Noruega e Venezuela encontraram petróleo. Considero mais interessante o caminho da Noruega, que investiu em um fundo soberano, uma poupança de longo prazo", disse o ministro.