Por unanimidade
O ex-prefeito Antônio Casemiro Belinati (sem partido) mantém a postura de não conversar com a imprensa desde que foi preso por seis dias, no último mês de maio. Nas poucas vezes que conversou com os jornalistas sobre as eleições de 1998, ele não revelou quem coordenou a campanha de seu filho Antônio Carlos Salles Belinati, hoje deputado estadual pelo PSL. Segundo o Ministério Público, a campanha do deputado foi financida em parte por verbas desviadas dos cofres públicos arrecadadas por meio de licitações fradulentas.
Em entrevista a este repórter em junho do ano passado, Belinati explicou alguns detalhes da campanha. Ele alegou que seu filho não poderia ser responsável pela campanha em algumas cidades da região. "Você tem um grupo que te apoia em Cornélio Procópio. É este grupo que fica responsável por produção de cartazes, faixas, etc. Eu concordo com dar atribuição. O que aconteceu com o Antônio Carlos é que ele fez dobradinha com vários candidatos a deputado federal. Vou citar os nomes: Alex Canziani (PSDB), José Janene (PPB), com Antônio Ueno. O vereador Beto Scaff (PSDB), por exemplo, fez um esquema de campanha para o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB) e o Antônio Carlos (na época, no PSB)" citou o ex-prefeito.
Ontem à tarde, enquanto os promotores explicavam à imprensa o conteúdo desta nova ação cível, Belinati se reuniu com sua equipe e seu filho em seu apartamento na área central de Londrina. Ele não retornou as ligações da reportagem para comentar a denúncia.
Em recente depoimento ao juiz da 4a Vara Criminal, Arquelau de Araújo Ribas, ele disse que não se lembrava de quem havia coordenado a sua última campanha para prefeito, em 1996. Depois, titubeou e disse que havia sido ele mesmo o coordenador. Os promotores encontraram em abril do ano passado uma lista com possíveis despesas pessoais e de campanha na casa do radialista e empresário Cassimiro Zavierucha, mais conhecido como "Carlos Júnior". Para eles, está comprovado que a campanha de Antônio Carlos foi coordenada por Zavierucha. Carlos Júnior nunca explicou a lista, nem o seu advogado, Mauro Viotto.