O relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, afirmou que o empresário do ramo de publicidade Marcos Valério "falava em nome de José Dirceu". Barbosa destacou que Valério foi enviado por Dirceu a Portugal para reuniões com dirigentes do Banco Espírito Santo e da Portugal Telecom.
"Foi José Dirceu quem se fez representar por Marcos Valério nesses encontros. Pela envergadura das pessoas envolvidas, percebe-se que Marcos Valério falava em nome de José Dirceu e não como um pequeno publicitário de Minas Gerais. Marcos Valério era seu broker (operador)", disse o relator.
A polêmica viagem foi realizada por Valério, o ex-secretário do PTB Emerson Palmieri e o ex-advogado das agências Rogério Tolentino. O presidente do PTB, Roberto Jefferson, afirma que foi Dirceu quem lhe pediu para enviar um representante para a reunião em Portugal. O objetivo seria negociar um aporte de 8 milhões de euros a ser dividido entre os dois partidos. Em seu depoimento, Palmieri afirmou que Valério se apresentou como representante do PT.
Barbosa destacou que o próprio Valério admitiu ter feito outras viagens a Portugal e que além dos encontros realizados, chegou a ser apresentado a autoridades do governo daquele país. O relator destacou ainda que o presidente do Banco do Espírito Santo no Brasil, Ricardo Abecassis, afirmou que só conseguiu uma reunião com Dirceu por intermédio do empresário mineiro. Em seu depoimento, Abecassis, disse, inclusive, que tinha tentado o encontro antes, sem sucesso.
O relator enfatizou que Valério estava presente nas reuniões em Portugal com possíveis doadores e no Brasil com bancos que concederam empréstimos fraudulentos. "Marcos Valério estava nessas reuniões, como nas demais, por força do interesse de José Dirceu". Ele ressaltou que o publicitário não tinha qualquer negócio com as empresas portuguesas em que esteve. Observou ainda que empresas deste porte não deveriam precisar da ajuda de Valério para conseguir reuniões.