Depois de horas de costuras e remendos em reuniões a portas fechadas entre os deputados da base de sustentação ao governo e das oposições, a composição da nova mesa executiva da Assembléia Legislativa pode ser dada como praticamente arrematada. As disputas se concentraram em torno de nove cargos: presidência, três vice-presidências e cinco secretarias. Hoje, ao meio-dia, haverá nova reunião para acertar os detalhes finais do acordo que cria a chapa única, como quer o governador Jaime Lerner (PFL). Salvo reviravolta de última hora, a presidência fica com o atual primeiro-secretário, Hermas Brandão (PTB), e a primeira secretaria com o líder do governo, Valdir Rossoni (PTB).
A primeira vice-presidência deve ser ocupada pelo PFL, provavelmente por Durval Amaral ou Plauto Miró Guimarães. A segunda vice-presidência fica, de acordo com as costuras fechadas ontem, com o PT. O nome mais forte é o de Ângelo Vanhoni. A terceira vice-presidência ficaria nas mãos do PPB ou PTB. O mais cotado, entretanto, era o petebista César Seleme. A segunda secretaria seria do PMDB. Nereu Mora e Antonio Anibelli estariam disputando o cargo. A terceira secretaria, cota dos tucanos, ainda não tinhanome definido. A quarta deve ficar com o PSL (possivelmente Geraldo Cartário) e a quinta com o PST. O PPB, a princípio, brigava pela segunda vice-presidência. Acabou não emplacando ao final das negociações.
O líder do governo na Assembléia, deputado Valdir Rossoni (PTB), formaliza hoje, às 14h30, sua decisão. Ele já deixou claro que - aconteça o que acontecer - deixa a liderança do governo no dia 15 de dezembro. "O governo vai encontrar alguém melhor que eu", declarou. Ele descartou que a falta de reciprocidade entre ele e o Palácio Iguaçu teria influenciado na decisão. O deputado passou a tarde reunido com deputados aliados e da oposição para tomar sua decisão: se aceita a primeira secretaria na chapa encabeçada por Hermas. Nos bastidores, já era dado como certo que Rossoni aceitaria o que lhe restou, a primeira secretaria.
"Tudo caminha para um entendimento", resumiu o líder oposicionista, Orlando Pessuti (PMDB). Segundo ele, o objetivo do bloco de oposição é ter mais participação na mesa. Por conta disso, no início das costuras, disputava a primeira secretaria, ou a segunda secretaria e primeira vice-presidência. Ontem, entretanto, a oposição já se contentava com a segunda secretaria e segunda vice.
O presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus (PTB), disse que define até o final desta semana a data da eleição, que deverá acontecer no dia 5 de dezembro. Na sessão de hoje, entrarão emendas ao projeto que mexe no Regimento Interno e regulemanta as eleições na Casa. Pessuti adiantou que os 14 deputados do bloco da oposição devem aprovar a emenda apresentada pela mesa que marca as eleições para o segundo mandato entre o dia 1º e 15 de dezembro.
O presidente da Assembléia voltou a manifestar sua vontade de assumir a pasta dos Transportes, no lugar de Heinz Herwig, o que já está garantido conforme acordo fechado com Lerner. Justus disse ontem que deve aceitar o convite do governador. Mas ele avisou que fica na Casa até o final do ano.