Política

Análise: Tiago Amaral não terá dificuldade para formar base na Câmara de Londrina

28 out 2024 às 09:23

O jornalista e professor Fábio Silveira avalia que a vitória de Tiago Amaral (PSD) na zona norte, histórica área de influência de Antônio Belinati, é um efeito direto da escolha do vice, Junior Santos Rosa (PL). “Ele é morador da região e, assim, conseguiu corroer essa estrutura por dentro, agindo como um tipo de ‘cavalo de Tróia’ no reduto belinatista.”


Para ele, o próximo prefeito terá uma base de apoio sólida na Câmara de Vereadores, já consolidada com a presença de dois parlamentares do próprio partido, seis do PL, um do Avante e três do Republicanos, que declararam apoio no segundo turno.


Entretanto, ele ressalta a tendência “adesista” de políticos, principalmente no Legislativo, que tendem a se aproximar do governo.


“O Tiago sai com uma quantidade boa de votos para montar uma bancada, mas consegue trazer mais alguns votos para ampliar essa vantagem dele dentro do parlamento”, pondera.


NÃO CONSEGUIU APROVEITAR


O analista político e professor Elve Cenci acredita que a Professora Maria Tereza (PP) não conseguiu aproveitar a figura e a gestão de Marcelo Belinati (PP), que ultrapassa 70% de aprovação no último ano de mandato, na sua campanha eleitoral.


“Apesar de ter qualidades como gestora pública, ela não conseguiu apresentar essa administração bem avaliada para o eleitor que precisava cativar”, afirma Cenci, que diz que Amaral conseguiu se cercar de um grupo grande de apoios e mudou seu discurso.


“O Tiago, historicamente, foi um político mais ponderado, moderado, equilibrado, com discurso de centro e centro-direita. E, de repente, ele faz uma campanha fazendo discurso mais à extrema-direita. Ou seja, tentou absorver a metodologia do bolsonarismo mais radical”, acredita.


Para o analista político, a dúvida é qual o tipo de gestão o prefeito eleito fará e quais serão suas escolhas para a administração. Cenci pontua que Amaral reuniu um “conjunto heterogêneo de apoios”.


“Se ele trouxer todos os grupos políticos que o apoiaram, ele corre o sério risco de formar grupos políticos dentro da própria gestão dele, o que implode qualquer governabilidade e coerência na gestão pública”, conclui Cenci, que concorda que o novo prefeito terá base na Câmara.


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