Política

Ana Júlia diz que aprendeu novo significado de resistência

31 out 2016 às 19:56

A estudante Ana Júlia Ribeiro, de 16 anos, que se tornou conhecida ao fazer um discurso emocionado na quarta-feira passada (24) na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, nesta segunda-feira (31) esteve no Senado, participando de uma audiência pública destinada a debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55/2016, conhecida como "PEC do teto dos gastos públicos".

Aluna do Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães, em Curitiba, a jovem condenou a repressão ao movimento de ocupação de escolas, por parte de grupos contrários, e novamente falou em "mãos sujas de sangue". "Nós, estudantes, só temos de dizer uma coisa: aqueles que votarem contra a educação estarão com suas mãos sujas por 20 anos", disse.


O encontro desta segunda foi organizado no âmbito da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa da Casa e o convite à estudante partiu das senadoras Fátima Bezerra (PT-RN) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), respectivamente titular e suplente do colegiado. Antes de iniciar sua fala, a adolescente pediu desculpas por uma possível decepção.


O primeiro discurso dela, na AL, a favor da "Primavera Secundarista", acabou viralizando nas redes sociais e chamando a atenção até mesmo de veículos da imprensa internacional. "Na última quarta-feira fiz uma fala na qual eu não entendi por que tamanha repercussão, já que ela se trata de algo tão básico, ou que pelo menos deveria", afirmou.


"Em relação à Medida Provisória 746, só temos a dizer que, até o dia 20 de janeiro de 2017, nós esperamos e acreditamos que ela não se concretize em lei. Nós esperamos que aproveitem essa oportunidade de levar ela aos profissionais da Educação, que ela seja debatida, que a sociedade possa debater sobre ela. Que a voz dos estudantes sobre ela possa ser escutada. Que a voz do movimento estudantil seja ouvida. Que os profissionais da área tenham espaço e tenham como debatê-la, tenham como estudá-la", prosseguiu.


Segundo a adolescente, a repressão aos alunos dos colégios ocupados tem sido violenta. "Repressão essa, a qual na calada da noite, passa nas escolas. Repressão essa que na calada da noite passa o som alto do hino nacional, como se nós não respeitássemos o hino. Repressão essa que olha para nós e nos desmoraliza. Desmoraliza para o nosso pessoal. que usa de táticas abusivas, que usa para falar da nossa pessoa e não dos nossos ideais", opinou.


Ana Júlia também argumentou que os jovens só estão defendendo o ensino público de qualidade. "Nós frisamos a importância dele, nós frisamos a legitimidade do nosso movimento. Nós frisamos que estamos lá porque acreditamos no futuro do Brasil."


A estudante reiterou que não vê problema em pessoas serem contra as ações. "Nós vivemos em uma democracia e sabemos que é importante ter os dois lados. Só que a repressão violenta nós abominamos e vamos continuar abominando, porque nós estamos lá pacificamente". Ela disse ainda que aprendeu, desde o início do movimento, um novo significado de resistência.


"A resistência não acaba quando a gente sai do portão da escola. Resistência é quando olham para nós e falam ‘larga isso, larga porque vocês não vão conseguir nada, que vocês estão do lado errado’. A gente olha para eles, ergue a cabeça e fala: ‘não, eu não vou largar’. É quando a gente ergue a cabeça e fala: ‘eu acredito na educação pública, eu acredito no futuro do Brasil e eu vou continuar lutando’."


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