Política

Aliado do governo, presidente da CUT diz que ajuste fiscal é equívoco

04 fev 2015 às 13:53

Declarado apoiador do PT, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, não poupou críticas ao governo Dilma Rousseff e classificou as alterações em regras trabalhistas como "um equívoco estapafúrdio".

"O governo meteu os pés pelas mãos, criou uma agenda 'negativíssima'", disse, em referência ao ajuste fiscal encabeçado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a quem criticou por implementar uma política econômica "regressiva". No fim de dezembro, o governo criou barreiras de acesso ao seguro-desemprego, abono salarial e pensão por morte. De acordo com Freitas, ministros afirmaram nesta terça-feira, 03, em reunião com sindicalistas, que existem condições de modificar as medidas.


Uma comissão tripartite, composta por centrais sindicais, poderes Executivo e Legislativo, vai iniciar uma discussão sobre o tema. Questionado se a fragilidade da base aliada no Congresso pode facilitar a flexibilização dos textos, que precisam ser aprovados em plenário, o presidente da CUT respondeu de forma positiva. "Nós temos um campo mais fértil para negociar as medidas na Câmara do que negociando com o governo", afirmou, ressaltando que a entidade pode ir à Justiça ou organizar greves caso as normas não sejam alteradas.


Apesar de defender a revogação total das medidas, o presidente da CUT assume que dificilmente vai alcançar o objetivo. "Eu sei que, quando você entra num processo de negociação, você não vai ter tudo que pleiteia conquistado", afirmou.


Nas eleições do ano passado, a CUT aprovou em assembleia o apoio à reeleição de Dilma, mas foi surpreendida pouco depois do resultado. "Eu fico muito surpreso quando o governo eleito adota medida ortodoxa. Significa paralisação da economia, recessão. Para o trabalhador, significa desemprego", avaliou Freitas na Câmara dos Deputados, onde membros da CUT visitam gabinetes nesta quarta para apresentar demandas da entidade.

"O governo cometeu um equívoco estapafúrdio, uma coisa desorientada, de editar medidas provisórias sobre assuntos que nós estávamos negociando desde 2007", disse o sindicalista, que defende outro modelo de ajuste fiscal, com tributação de grandes fortunas, criação de barreiras para a remessa de lucros ao exterior e reforma tributária.


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