Ao menos na estratégia de comunicação, já é possível dizer que a criatura superou o criador. A popularidade do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), nas redes sociais é tamanha que fez Geraldo Alckmin (PSDB) aderir à sua tática. Há exato um mês, o governador passou a divulgar em seu perfil pessoal no Facebook pequenos vídeos sobre ações da administração estadual e com o mesmo visual adotado pelo prefeito: camisa branca, sem gravata. De lá pra cá, foram 16 publicações, que, somadas, renderam 1,2 milhão de visualizações.
Apesar do bom alcance, Alckmin está longe de ser um fenômeno de audiência se comparado a Doria. No dia 20 de fevereiro, enquanto o vídeo postado pelo governador sobre uma operação em conjunto com a Prefeitura para combater fraude em combustível somou 115 mil visualizações, a mesma informação passada por Doria alcançou 2,1 milhões de internautas. O recorde do prefeito, no entanto, é muito maior. Uma só publicação, sobre a reforma dos banheiros do Parque do Ibirapuera, foi vista 3,9 milhões de vezes.
Melhorar os números é meta pessoal do governador, que já mira em 2018. O sucesso de seu afilhado político é considerado um trunfo em busca da indicação do partido para a próxima disputa presidencial. Doria hoje é visto como um forte cabo eleitoral do PSDB, a ponto de já ser considerado por alguns tucanos como um nome com potencial para disputar o Palácio dos Bandeirantes ou até mesmo o Planalto. Ele, porém, nega que vá deixar a Prefeitura para concorrer no ano que vem.
Disposto a seguir o marketing traçado pelo "prefeito gestor", o governador alcançou sua maior audiência com um vídeo postado no último dia 22, de Custódia, em Pernambuco. Alckmin foi até lá conferir o funcionamento das tubulações e estruturas utilizadas no bombeamento do volume morto do Sistema Cantareira, durante a crise hídrica. Os equipamentos foram emprestados por ele aos governos da Paraíba e de Pernambuco, com intermediação do Ministério da Integração Nacional.
"Ajudar o Brasil é nosso dever", disse o tucano, que se posicionou para gravar o vídeo ao lado de um canal da transposição do Rio São Francisco, obra símbolo das gestões petistas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O post ainda mostra Alckmin sobrevoando a região de helicóptero e em terra, ao lado do ministro Helder Barbalho (PMDB).
'Necessário'. Durante uma visita à futura estação Brooklin da Linha 5-Lilás do Metrô, no dia 4 de fevereiro, Alckmin afirmou ao Estado que esse "tipo de ação é agora necessário" e se interessou quando soube que seu afilhado político havia alcançado a marca de 3,5 milhões de visualizações em só um post (marca superada depois). "Verdade? Três milhões e meio? Nossa, é muito, né?".
Durante a visita à estação, o tucano de 64 anos demonstrou disposição diante do pedido de sua equipe para retornar à ultima plataforma e gravar o vídeo. Alckmin já estava no térreo, mas atendeu de bate-pronto. "Uma boa notícia! Em julho, nós vamos inaugurar mais três estações aqui da Linha 5-Lilás: Alto da Boa Vista, Borba Gato e Brooklin", anunciou em tom descontraído e visual despojado. Em busca de parceria também na internet, as equipes dos dois governos já trocaram figurinhas sobre como "bombar" o governador nas redes sociais.
Além dos vídeos, o perfil pessoal de Alckmin no Facebook tem investido na publicação de fotos do governador, de obras iniciadas ou inauguradas por ele e também de folders digitais contendo dados de ações estaduais - outra marca de Doria.
A assessoria do governador afirmou que a nova linha de comunicação digital começou a ser testada em junho de 2016, com o objetivo de dialogar de maneira mais efetiva com os usuários das redes sociais, fazendo uso de todos os recursos que elas oferecem.
Assim como Doria, Alckmin foca em sua página pessoal, que soma 858 mil curtidas, mais que o dobro do perfil oficial do governo do Estado, com 371 mil.
Mas, também nesse quesito, o prefeito está muito à frente. As ações do perfil pessoal dele são vistas por 1,9 milhão de pessoas pelo Facebook, mais da metade de seus eleitores. A diferença demonstra por que a estratégia de Doria faz escola. Com 12 milhões de votos no Estado, Alckmin tem muitas curtidas a buscar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.