O senador Roberto Requião (PMDB-PR) discordou das recentes críticas da oposição ao governo, citando artigo publicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo o parlamentar, a oposição "desanca" o governo por suas virtudes, como as políticas sociais, e elogia por iniciativas que representam "retrocesso", a exemplo das concessões na área de infraestrutura e energia.
"É por essas sinuosidades e descaminhos que a oposição ama o atual governo e o ex-presidente volta e meia marreta a cunha da discórdia, entre Dilma e Lula", observou.
Uma das críticas diz respeito ao crescimento reduzido, de 0,4%, do PIB, no segundo trimestre deste ano mas, como assinalou Roberto Requião, a era FHC foi marcada por baixo crescimento, com pouco mais de 2% nos oito anos de governo.
Em contraste, observou, nos oito anos do governo Lula, o país cresceu a uma média anual de 3,6%, índice que o parlamentar considera sofrível. Ele também salientou que, após um crescimento de 5,8% em 2007 e 5,1% em 2008, houve a expectativa de um "salto chinês, em 2009" que não aconteceu por causa da crise financeira global que se iniciou já em 2008. O senador destacou que as medidas que Lula tomou na época, mesmo "desaconselhadas pelos tucanos", permitiram ao país crescer 7,5% em 2010.
"Último ano do ‘companheiro’ na presidência, como agora debocha FHC. É livre falar, é só falar", criticou Requião.
Equivalências
Roberto Requião ressaltou que suas observações não deviam ser entendidas como defesa da política econômica do governo Dilma ou do PT, em comparação com o período tucano. Ele também fez críticas à atual política econômica, embora tenha mostra que, ao contrário do que afirmou o jornal Folha de S. Paulo, o país não passa "pelo mais fraco ciclo desde o Plano Real".
"Pelo contrário, não vejo, em substância, diferença entre a política econômica de uns e outros. Diferem-se em nuanças, em ênfases, em preocupações sociais, e isso, concordo, não é pouco", afirmou.
Entre os erros que considerou comum aos governos do PT e de FHC destacou a política de abertura comercial e desregulamentação, que considera equivocada porque permitiu a inclusão do Brasil no mundo global, mas promoveu o encolhimento do setor industrial.
Requião citou estudo da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) apontando que, nos anos 80, a produção industrial brasileira era superior à produção industrial somada da China, Coréia do Sul, Tailândia e Malásia.
"Hoje, não produzimos mais que quinze por cento do que eles produzem", comentou.
Roberto Requião acrescentou que depois de perder indústrias e empregos, o crescimento não resulta mais da pujança do setor das indústrias ou dos investimentos em infraestrutura e em inovação tecnológica, mas ainda do comércio das commodities agrícolas.
"É a nossa porção colonial que se sobressai", ironizou.