A professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Jussara Rezende Araújo, de 58 anos, foi assassinada por volta das 20h desta segunda-feira (10), em Matinhos, no litoral do Estado. O filho dela, Matheus Araújo Bertone, de 29 anos, foi preso em flagrante e confessou ter matado a mãe a facadas.
Em entrevista ao portal Bonde, o delegado Alcimar de Almeida Garrett, coordenador da Operação Verão Paraná, relatou que Matheus possui um histórico de esquizofrenia. "Ele estava há quatro meses sem ir às sessões médicas e não estava tomando medicamento".
Garret explicou que o rapaz provavelmente agiu após sofrer um surto de esquizofrenia. "A mãe tentou contr o filho para medicá-lo e ele entendeu isso como uma agressão. Depois confessou o crime e disse que estava apenas se defendendo".
Jussara foi atingida por dois golpes de faca no tórax. Uma vizinha percebeu a ação e acionou o Samu. Quando a ambulância chegou à residência a professora já estava morta. O corpo dela foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal de Paranaguá.
Matheus foi encaminhado à delegacia de Matinhos. Ele deve passar por exames para confirmar a esquizofrenia. O delegado Garret disse que o responsável pelo inquérito deve pedir à Justiça a transferência do rapaz para o Complexo Médico Penal, na Grande Curitiba.
O corpo de Jussara será velado nesta quarta-feira (12), das 8h30 às 11h na Acesf, em Londrina. O local do sepultamento ainda não foi definido.
Formação
Jussara era formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Ela produziu reportagens para a Folha de Londrina na década de 1980 e atualmente trabalhava em Matinhos como professora adjunta da UFPR.
Conforme Currículo Lattes, a professora era coordenadora do curso de licenciatura em Artes e atuava em projetos de extensão universitária. Jussara colaborava com os cursos de Especialização em Educação Ambiental e Questão Social pela perspectiva interdisciplinar e era estudante do Curso de Especialização (EaD) em Educação em Direitos Humanos.
Nota da UFPR
Durante a manhã, a UFPR Litoral divulgou uma nota lamentando a morte da professora. O texto é assinado pela vice-coordenadora do curso de licenciatura em Artes, Ana Elisa Freitas. Confira a íntegra:
"Jornalista, comunicadora, pesquisadora, amante das artes e dedicada educadora, Jussara foi pessoa que marcou nossa comunidade argumentativa acadêmica na UFPR Litoral pela postura ética, crítica, pública. Seu pensamento complexo contribuiu de forma única e insubstituível para a tecitura de novas leituras de realidade, não raro mal compreendidas, na abordagem dos fenômenos da vida social.
Ao escrever sobre sua trajetória, Jussara ressalta a atuação como repórter e jornalista no período 1973-89, quando entrevistou personalidades históricas e sociais, editou e colaborou na edição de revistas e jornais da chamada imprensa nanica, entre outros veículos de comunicação de massa. Igualmente destaca a militância política em partidos de oposição ao regime militar e a perseguição por lideranças expressivas da história política paranaense e brasileira.
No conjunto de sua produção foca na descoberta de soluções para uma comunicação social mais cordial, com menos ênfase em preconceitos e visões apriorísticas. Embora sua produção acadêmica tenha enfatizado temáticas da exclusão até 2004, ultimamente Jussara Araujo atuava na direção de projetos que se abriam para o campo da inclusão. Acreditava estarmos vivendo o nascimento de paradigmas mais positivos, que buscam o equilíbrio do planeta e mais harmonia entre os seres humanos. Seus projetos recentes apontavam que a arte-educação na perspectiva interdisciplinar proporcionava a formação mais significativa do estudante como sujeito da sua escrita histórica e social.
Na qualidade de vice-coordenadora do Curso de Licenciatura em Artes da UFPR Litoral, manifesto profundos sentimentos frente à imensurável perda de minha parceira de coordenação, companheira de ideais e de trabalho, Jussara Rezende Araujo."