Após quatro meses de investigações, polícias e Ministério Público desarticularam nesta terça-feira (29) uma quadrilha de estelionatários que agia contra idosos. O grupo agia há anos, aplicando golpes em vários estados, entre eles o Paraná.
Doze pessoas foram presas nesta manhã, sete em Curitiba, uma em Colombo, uma em Joinville (SC) e três no Guarujá (SP), a partir de mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça.
Além das prisões, foram apreendidos documentos, dezenas de telefones celulares, de chipes de diferentes operadoras de telefonia, mais de 90 cartões bancários, um veículo e uma pistola .380 com munição, além de dinheiro.
O alvo preferencial da quadrilha eram pessoas nascidas nas décadas de 30 e 40. Cada golpe rendia ao grupo entre R$ 7 mil e R$ 51 mil. Muitas vítimas já foram identificadas e ainda é difícil precisar o total de lesados em todo o país.
Organização empresarial
Para obter vantagem, o grupo induzia os idosos a acreditar que tinham valores a receber pela compra de ações por meio do Fundo 157, espécie de fundo de ações criado pelo governo militar, no final da década de 60, que permitia que contribuintes aplicassem parte do que deviam em imposto de renda na compra de ações e debêntures por meio de instituições financeiras de sua escolha.
Segundo as investigações, a quadrilha atuava com organização empresarial, chefiada a partir da cidade litorânea do Guarujá (SP), com pessoas agindo também em Carapicuíba (SP), Joinville (SC) e Curitiba (PR). Os membros recebiam orientação e treinamento para aplicar os golpes, obtendo comissão sobre o resultado das ações.
O crime
Para aplicar os golpes, os estelionatários telefonavam para as vítimas simulando ser das empresas Usiminas ou Cosiminas, de Belo Horizonte. De posse de todos os dados pessoais, inclusive CPF, os falsários diziam aos idosos que eles (ou pessoas da família, inclusive já falecidas) tinham um lote de ações oriundas do Fundo 157 e que deviam telefonar para o Departamento de Ações da empresa, para resgatar os valores a que tinham direito.
Informavam, então, um número de telefone que diziam substituir o 0800, mas que, na verdade, era de um celular. Para resgatar o dinheiro, as vítimas eram informadas de que tinham de pagar primeiro o valor relativo ao imposto de renda e taxas. Esses valores eram depositados em contas bancárias de "laranjas", que emprestavam seus cartões e senhas, viabilizando ao grupo sacar ou transferir rapidamente os recursos para outras contas.
Para proteger o esquema e desviar a atenção dos órgãos policiais, a quadrilha usava apenas telefones celulares adquiridos com documentos falsos ou de terceiros, sempre com DDD de fora de Curitiba (45, 43, 13 e 11).
O Gaeco está trabalhando para identificar bens em nome dos golpistas, para pedir o sequestro e garantir o ressarcimento às vítimas.
Investigação no Paraná
A investigação no Paraná começou após denúncia feita por uma senhora que mora no estado de São Paulo. Ela prestou declarações ao Gaeco paulista, contando que pagou quase R$ 52 mil, em dois depósitos feitos em contas de laranjas, a pretexto de imposto de renda sobre quantia superior a R$ 177 mil, que teria a receber em ações preferenciais da Usiminas.
Como as contas eram de Curitiba, o Ministério Público de São Paulo passou o caso ao Gaeco paranaense. Após investigações, duas pessoas foram denunciadas pelo MP-PR, em 11 de setembro: Célio Roberto Alves Rolim e José Alexandre Monteiro, que respondem perante a 7ª Vara Criminal de Curitiba por crimes como estelionato, formação de quadrilha, falsificação de documentos e falsidade ideológica. Os dois estão presos preventivamente no Centro de Triagem 2.
Denúncias
Pessoas que tenham caído no golpe podem procurar o Gaeco pelo telefone (41) 3254-1195.