Um minicomputador portátil com modem de acesso a internet banda larga sem fio, quatro latas de cerveja nacional e gelo. Os itens foram apreendidos em uma revista feita por oficiais da Polícia Militar (PM) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), anteontem, no alojamento onde está preso o vereador Joel Garcia (PDT).
O parlamentar, acusado pelo Gaeco de interferir indevidamente na investigação de suposta contratação de assessora ''fantasma'' em seu gabinete, está em prisão especial desde o último dia 30, um dia depois de ser preso e encaminhado ao Centro de Detenção e Ressocialização (CDR). A transferência à sede da polícia fora concedida pelo juiz Bruno Pegoraro, que acatou pedido da defesa do vereador, a qual alegou que, na condição de advogado, por lei federal, ele não precisaria ficar em unidade prisional.
A FOLHA apurou que, além do material localizado com o parlamentar, os policiais ainda o teriam flagrado, no momento da revista, utilizando um programa de conversação on-line, o MSN. De acordo com o subcomandante do 5º BPM, major Júlio Richter, que participou da revista no alojamento, já foi aberta uma sindicância para apurar o caso. Ele informou que a instauração da investigação administrativa se deu logo após o resultado da revista.
''Tanto o vereador quanto o policial que estava de guarda, no momento, foram ouvidos. A determinação pela sindicância partiu do comando, uma vez que temos a orientação de se proceder como no CDR, sem benefícios ou regalias, por determinação do próprio juiz, no dia em que o vereador chegou ao batalhão'', afirmou Richter, que completou: ''Como tivemos essa denúncia de fatos irregulares, fomos verificar. Se em âmbito administrativo identificarmos alguma facilitação, o oficial será punido. De qualquer forma, informaremos ao juiz que determinou a prisão para que ele tenha ciência dos fatos, além de o próprio Gaeco''.
Indagado sobre as condições do local em que o vereador está preso, Richter explicou que é uma espécie de quarto, com banheiro externo, vigiado 24 horas por um PM. Sobre acesso de visitantes, o subcomandante foi taxativo: ''É como no CDR: só os advogados têm autorização para falar com ele, sem portar celulares, e a família, às quartas-feiras, durante uma hora. De maneira alguma pode entrar bebida, e independente de quem levou isso ao vereador, a sindicância vai apontar e comunicar judiciário e MP''.
A revista foi acompanhada pelo promotor Jorge Barreto da Costa. Ele declarou que, caso a PM não o faça, o Gaeco realizará uma perícia no laptop a fim de verificar ''quais sites foram visitados e de que forma o vereador estava usando o equipamento''. ''Ele alegou que a cerveja não era dele, e, sobre o computador, que ninguém o teria informado que não poderia fazer uso no local. Sobre isso eu faço uma comparação, como fiz para ele: e se no CDR ou em algum distrito ele fosse surpreendido com um equipamento desses? Seria uma falta disciplinar interna que pode vir a caracterizar ou não crime. A sindicância do batalhão, no entanto, vai identificar como isso chegou até o vereador'', definiu.