Curitiba - Está preso desde a madrugada de hoje na sede Polícia Federal em Curitiba o advogado João Bosco Coutinho. Ele é acusado de ser o chefe dos esquemas da quadrilha formada por advogados e gerentes de bancos que tentavam dar um golpe de aproximadamente R$ 1 bilhão, cobrando títulos vencidos ou fraudados da Petrobrás e da Eletrobrás.
Ele foi preso ontem em Recife e transferido para a capital paranaense. Estão presos também três advogados, um funcionário de escritório de advocacia e um empresário. Um dos detidos é o presidente da Subseção de Curitiba e Região Metropolitana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Michel Saliba Oliveira.
As prisões fazem parte da Operação Big Brother, uma referência ao Banco do Brasil, um dos alvos da tentativa de golpe, que vinha ocorrendo nos estados do Pará, Amazonas, Maranhão, Alagoas, Pernambuco, Goiás e Paraná. Os envolvidos no golpe serão processados por formação de quadrilha, tentativa de estelionato, corrupção ativa, tráfico de influência e crime contra o Sistema Financeiro Nacional.
Segundo a polícia, os advogados entravam na Justiça com ações em nome de laranjas, contra a Eletrobrás e Petrobrás e cobravam o pagamento de títulos vencidos ou fraudados. O pedido era aceito por um juiz estadual e, antes que a decisão fosse questionada pela empresa, o grupo tentava subornar o gerente do banco para cumprir a ordem judicial.
As investigações da Polícia Federal começaram a ser feitas em novembro de 2003, quando a Gerência de Segurança e Inteligência do Banco do Brasil denunciou à polícia que o gerente geral de uma de suas agências em Curitiba (PR) havia recebido proposta milionária para que cumprisse uma ordem judicial sem comunicar ao departamento jurídico do Banco. A propina oferecida ao gerente, na época, era de US$ 3 milhões. O golpe, que não chegou a se realizar, seria de US$ 90 milhões.
A partir de então, a PF passou a acompanhar as ações do grupo. A polícia tem 14 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão preventiva na capital, expedidos pelo juiz da 2º Vara Criminal de Curitiba, contra advogados e gerentes de bancos.