O policial civil que matou a namorada e tentou suicídio na quinta-feira (24) estava afastado das funções nas ruas e passava por procedimentos disciplinares por conta de condutas que ele teria cometido. Mesmo assim, nenhum superior ao policial constatou desvio ou problemas psicológicos do acusado dentro da corporação e ele não passou por qualquer avaliação psicológica desde que ingressou na entidade.
Napoleão Seki Junior, 38 anos, atirou contra a namorada, uma jovem de 23 anos, após uma discussão entre o casal no bairro Alto da XV, em Curitiba. Antes do crime, ele chegou a algemar a vítima, que mesmo assim tentou fugir. Na sequência, o policial disparou quatro vezes contra a jovem, que morreu no local. Ele ainda atirou contra o próprio pescoço tentando suicídio, mas foi encaminhado com vida para o Hospital Cajuru. Ele passou por uma cirurgia e segue internado na UTI em estado grave.
Segundo o delegado-chefe da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Civil, Luiz Alberto Cartaxo, o policial ingressou na corporação em 2010 e, desde então, passou por duas situações em que teve que respondia disciplinarmente dentro da Polícia Civil. Apesar disso, a arma não foi retirada dele. "A arma é objeto de defesa do policial. Só são retiradas as armas daqueles policiais que apresentam evidente falta de condição, seja de natureza psicológica ou física".
O único exame psicológico pelo qual passou o autor do crime foi em 2010, quando entrou na corporação. Cartaxo defende o fato de ele não ter passado por nenhuma outra avaliação porque dentro da Polícia Civil não foi constatada qualquer evidência de desvio psicológico do autor do crime. "Ele foi alvo de um surto. A motivação não nos interessa. Nada justifica esse ato. Ele será alvo de todos os procedimentos e responderá de forma incisiva". Caso sobreviva, ele responderá por homicídio qualificado.
A Polícia Civil tem um setor psicossocial que atende aos policiais quando estes são enviados por seus superiores, caso constatada alguma falha de conduta. No caso do autor do crime, "não houve falha porque não houve avaliação", diz Cartaxo, sobre o trabalho do setor psicossocial em relação ao acusado. O setor de atendimento psicossocial funciona na sede da Polícia Civil em Curitiba e acompanha, atualmente 66 policiais com problemas como depressão, irritabilidade, síndrome do pânico, stress e pensamento suicida.