Um mês depois de ter sido espancado em Cambé, um garoto de 13 anos continua internado na Santa Casa de Londrina em estado grave. Em razão da agressão, o menino teve traumatismo craniano e lesões em todo o corpo.
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o adolescente saiu da unidade de terapia intensiva (UTI) apenas no último dia 21, mas continua inconsciente, sem reações neurológicas e numa área para pacientes com infecções resistentes.
O agressor já foi identificado, informou o delegado de Cambé, Valdir Abrahão, e indiciado pelo crime de lesão corporal gravíssima, cuja pena mínima é de dois anos e a máxima, de oito anos. O acusado é Vagner da Costa Martins, de 24 anos, vulgo "Grafite", que já esteve preso por roubo e desacato. O delegado disse que Vagner admitiu ter agredido o garoto, porém, com "apenas dois tapinhas".
O crime ocorreu na noite de 22 de junho, no Jardim São Francisco. De acordo com as investigações, o adolescente entrou em uma residência cujo muro faz divisa com sua casa. O dono da casa, um idoso, percebeu que havia alguém dentro. Chamou então o neto, Júnio César da Silva, 22 anos, para verificar. Júnio disse em depoimento ao delegado que agarrou o garoto, deu-lhe uma "gravata" e o colocou para fora, dizendo que fosse furtar em outro lugar. No entanto, Abrahão não conseguiu confirmar o motivo que teria levado o menino a entrar na casa. Júnio disse não saber que ele era seu vizinho.
Em um segundo depoimento à Polícia Civil, Júnio afirmou que ao deixar o garoto na frente de sua casa, ouviu ele gritando por socorro. Da janela de sua casa, viu Vagner e um outro rapaz, identificado como Talício, baterem no adolescente. "Ele disse que os dois golpeavam o menino com chutes e socos", afirmou. "Espero que ele reafirme isso em juízo", disse o delegado.
Vagner, Talício e outros dois rapazes estavam em um bar nas proximidades de casa de Júnio. Valdir Abrahão ainda não conseguiu ouvir Talício e outros dois colegas. "Mas vou intimá-los; também vou pedir ao Instituto Médico Legal (IML) que faça um exame no menino", afirmou o delegado, acrescentando que esperava poder ouvir o garoto para saber dele a versão do crime, mas, sem a melhora dele, deverá concluir o inquérito assim mesmo. "Acho que termino a investigação até o final do mês", estimou o delegado.
Vagner afirmou ao delegado que teria dado os "dois tapinhas" no menino porque ele havia furtado sua residência meses antes. "O indiciado disse que tinha o garoto tinha morado em sua casa e que teria furtado objetos para comprar drogas", revelou Abrahão. "O crime pode ter sido motivado por vingança ou então por envolvimento com drogas, já que Vagner é suspeito de tráfico, embora nunca tenha sido preso por isso".