A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quinta-feira (29) dez pessoas suspeitas de envolvimento com um esquema internacional de tráfico de drogas. Entre os detidos em caráter preventivo está um secretário municipal de Ponta Porã (MS). Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura não informou a identidade do secretário preso.
Embora a chamada Operação Suçuarana tenha sido deflagrada pela Superintendência da PF no Rio Grande do Sul, onde foram detidos quatro investigados, a maioria dos mandados de prisão foi cumprida em Mato Grosso do Sul, onde seis suspeitos foram presos.
Segundo o superintendente regional da PF, delegado Sandro Luciano de Moraes, onze pessoas já haviam sido presas em flagrante durante quase um ano de investigações. Durante esse período foram apreendidas 1,1 tonelada de cocaína e 3 toneladas de maconha. Com base nas apreensões, a PF está convencida de que a quadrilha movimentava um grande volume de droga e de dinheiro.
De acordo com o delegado, a pasta base de cocaína adquirida na Bolívia era transportada de avião até o Paraguai, de onde era trazida para o Brasil escondida em fundos falsos de caminhões de uma empresa transportadora a serviço da organização. O primeiro destino desses caminhões em território brasileiro era a cidade de Ponta Porã. Ali, a substância pura era misturada a outros produtos antes de ser levada a Dourados (MS), de onde era distribuída para o Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Além das dez prisões efetuadas hoje, a PF cumpriu 26 mandados de busca e apreensão. Com autorização judicial, foram apreendidos 21 imóveis e 120 veículos, entre carros e caminhões. Contas bancárias também foram bloqueadas. O laboratório de refino da droga que funcionava em Dourados já havia sido descoberto em março deste ano, graças a informações obtidas ao longo das investigações.
De acordo com o delegado, os dez investigados presos hoje ocupavam posições importantes no esquema que "inundava de cocaína as ruas dos quatro estados, além de vários outros pontos para onde a droga era enviada".
Cento e cinquenta policiais federais participaram da operação. Conforme pontuou o delegado regional de combate ao crime organizado, Daniel Justo Madruga, durante entrevista coletiva concedida em Porto Alegre, o principal fornecedor da droga vive em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e está sendo procurado pelas autoridades do país vizinho.
"Acreditamos que, com essas medidas, esse grupo realmente pare de operar. Ou que isso pelo menos os quebre [do ponto de vista financeiro]". Já no Brasil, o principal operador do esquema é um argentino que vivia em Gravataí (RS) e que já está no Presídio Central de Porto Alegre desde 2010, por tráfico.
Alguns integrantes da quadrilha moravam em condomínios de luxo e possuíam carros importados. Em um dos casos, um indivíduo montou uma revenda de veículos para justificar seu patrimônio. Os presos responderão pelos crimes de tráfico de drogas com agravante pela transnacionalidade; associação por tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Se somadas, as penas máximas ultrapassam 33 anos de prisão.