A Polícia Federal em Curitiba (PR) desencadeou nesta quarta-feira (06) a Operação Colônia, com o objetivo de cumprir 121 mandados de prisão, que envolvem 99 pessoas, pois algumas têm mais de um mandado, além de 98 de busca e apreensão no Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Segundo a PF, elas pertencem a seis quadrilhas acusadas de desvio de cargas do Porto de Paranaguá.
Um balanço apontava que, até as 16 horas, tinham sido presas 63 pessoas, entre elas três policiais civis, um servidor da Receita Estadual e um advogado de Paranaguá. A estimativa é de que tenham sido desviadas cerca de três mil toneladas de produtos por ano. Ainda não se sabe desde quando as quadrilhas agiam.
De acordo com a PF, a operação começou há 11 meses, em conjunto com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), após uma série de denúncias de empresas que se sentiam lesadas. As investigações apontaram que as cargas eram trazidas de Paranaguá a Curitiba, a cerca de 100 quilômetros, de onde seguiam para outras regiões. "As quadrilhas eram bem organizadas, bem planejadas. Cada membro sabia perfeitamente qual seria sua função", disse o delegado da PF em Paranaguá, Jorge Fayad.
As quadrilhas seriam formadas por caminhoneiros, funcionários de terminais do porto, donos de empresas de fachada e receptadores, contando com a conivência dos policiais (dois de Curitiba e um de Paranaguá) e do servidor da Receita. De acordo com a PF, o advogado preso coordenava os desvios e aliciava pessoas para ajudarem no crime. Todos foram levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e, de lá, para o sistema penitenciário. Além das prisões, foram apreendidos 14 veículos (sete caminhões e sete automóveis) e R$ 217 mil em espécie com um dos investigados.
As quadrilhas atuavam de várias formas, mas as investigações mostraram que a mais comum era o lançamento fictício de entrada de produtos, principalmente grãos, fertilizantes e óleo de soja. Para isso, contavam com o auxílio de balanceiros, que registram a entrada e saída de mercadorias. Eles anotavam que o produto havia entrado, quando, na verdade, permanecia fora do pátio e, posteriormente, era entregue a receptadores no Paraná e outros Estados. Empresas de fachada emitiam as notas fiscais falsas para o transporte.
Na fase de investigação, foram realizadas operações que resultaram na prisão em flagrante de 24 pessoas e na apreensão de 11 caminhões. Somente nessas apreensões evitou-se o desvio de 350 toneladas de produtos e o furto de duas carretas. As empresas que teriam sido lesadas serão chamadas pela Polícia Federal para fornecer documentos que auxiliem na comprovação dos crimes. A PF informou, ainda, que há suspeitas de que as quadrilhas agiriam em Mato Grosso e Goiás, o que pode resultar em novos mandados de prisão.