A Polícia Civil do Paraná vai acionar a Interpol, central de informações internacional que auxilia na cooperação de polícias, para que emita um alerta de captura contra o ex-deputado federal mineiro Francisco Sales Dias Horta, suposto chefe da quadrilha de contrabando de óculos que funcionava há cerca de 10 anos em quatro Estados brasileiros e que foi desarticulada pela polícia paranaense dias atrás. Segundo depoimentos de familiares presos, ele estaria escondido na China.
Foram presos 15 integrantes da quadrilha e apreendidos 100 mil pares de óculos, além de dinheiro, armas, munições e documentos que comprovam o crime. "Na documentação apreendida foram encontrados comprovantes de remessa de dinheiro para a Suíça e a Alemanha e apostilas que tratam de lavagem de dinheiro", disse o delegado-chefe da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas da Polícia Civil do Paraná (DEDC), Cassiano Aufiero.
Ele explicou que depoimentos de pessoas utilizadas para criação de empresas de fachada comprovaram todo o esquema de fraude praticado pela quadrilha. "A quadrilha utilizava laranjas para abertura de empresas de fachada. Cinco meses de investigações da delegacia levantaram evidências de que as redes Visomax e Grupo Vega, de Curitiba, e Centro Óptico, de Belo Horizonte, receptavam mercadorias de origem chinesa e adulteravam notas fiscais para legalizar os produtos e sonegar imposto de renda", afirmou Aufiero.
O prejuízo causado aos cofres públicos com a sonegação fiscal é de aproximadamente R$ 50 milhões, acumulados nos últimos dez anos. Dez pessoas ainda estão foragidas: Francisco Sales Dias Horta, Rafael Lassi Caldeira, Juliana Abreu Horta Purri, Isabela de Abreu Dias Horta, Edina Moreira de Souza, Ana Claudia Barbosa dos Santos, Rafael Basilich, Sandro de Souza, Luzelena Gonçalves e Lauriene Pinto de Jesus.
Todos os envolvidos serão indiciados por receptação de carga de origem ilícita, formação de quadrilha, falsificação de documentos público e particular, lavagem de dinheiro, estelionato, sonegação fiscal, ameaça, corrupção, adulteração e comercialização de produtos nocivos à saúde, comunicação falsa de crime, apropriação indébita e fraude previdenciária (com AEN).