Três adolescentes estão apreendidas desde a madrugada do último sábado na carceragem da Delegacia de Cambé (13 km a oeste de Londrina), depois que foram surpreendidas pela polícia portando pasta-base de cocaína e maconha. O mais grave, porém, é que as jovens dividem cela com duas mulheres maiores de idade, que também estão presas por tráfico de drogas.
Conforme o promotor interino da Vara de Infância e Juventude de Cambé, Jocundino José Godinho, elas foram apreendidas na madrugada do dia 18 de janeiro, na Rua Bartolomeu Bueno da Silva. Com a menor C.P.O., de 15 anos, os policiais encontraram 20 papelotes de pasta-base de cocaína e mais R$ 25,00 em dinheiro. Ela já tinha passagem anterior por furto.
Outros 15 papelotes da droga e mais R$ 7,00 foram encontrados com A.C.M., de 16 anos. As duas, de acordo com Godinho, teriam confessado que estavam traficando. Com D.A.P.B., de apenas 13 anos, os policiais localizaram uma pequena quantidade de maconha. Ela negou que estivesse participação no tráfico. C. e D. são de Cambé e A. mora em Londrina.
O promotor alegou que representou pela manutenção do regime fechado porque tratava-se de crime grave. As meninas teriam permanecido na delegacia porque não havia vaga disponível para elas no Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator (Ciaadi), em Londrina. Godinho assegurou desconhecer, até esta quarta-feira, que as menores estavam dividindo cela com presas maiores.
O delegado interino de Cambé, José Antonio Zuba de Oliva, disse que teve que alojar as adolescentes junto com as duas detentas porque não há espaço na carceragem. ''Dentro da estrutura que temos, procuramos definir a melhor situação possível'', destacou. Ele garantiu que as presas não são perigosas.
Godinho concordou que a prisão de menores numa carceragem de delegacia não é apropriada. ''Se fosse um país ideal, elas deveriam estar num local especial para menores'', comentou. O promotor citou um caso recente que atendeu, em que teve de transferir um adolescente apreendido em Rolândia - que havia sido abusado sexualmente por colegas - para Paranavaí, prejudicando o convívio com a família.
Na unidade de internamento de Londrina, as 36 vagas - sendo oito para meninas - estavam ocupadas nesta quarta-feira. Para conseguir um lugar, os juizados precisam recorrer a uma central de vagas junto ao Instituto de Ação Social do Paraná (Iasp), em Curitiba.
À tarde, o promotor recebeu representantes do Centro de Direitos Humanos (CDH) e do Conselho Tutelar de Londrina. O coordenador do CDH, Gelson Gil, disse que não havia tomado conhecimento do fato até a quarta-feira. Depois da conversa com o promotor, ele saiu com a promessa de que nesta quinta-feira será buscada uma solução para o problema. Nesta quinta-feira também um juiz da Vara da Infância e Juventude deverá ouvir as garotas.
*Matéria de Luciano Augusto/Folha de Londrina