Uma megaoperação deflagrada pelas polícias Civil e Militar na manhã desta quinta-feira (17) pretende fechar o cerco contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) no Paraná. Estão sendo cumpridos 757 mandados em todo o estado contra pessoas que têm algum tipo de ligação com a organização criminosa. Conforme a polícia, 471 delas já se encontram presas e continuam cometendo crimes. A operação é a maior já realizada no país contra a facção.
Em Londrina, conforme o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial (SDP), Sebastião dos Reis Neto, são 19 mandados de prisão a serem cumpridos. "Já foram presas quatro pessoas nas ruas e pelo menos mais quatro localizados dentro das unidades prisionais", contou em entrevista ao Bonde.
Conforme ele, foram cumpridos mandados contra uma mulher que está presa no 3º Distrito Policial (DP), dois homens que estão detidos na Casa de Custódia de Londrina, e contra um preso da Delegacia de Ibiporã. "São criminosos que faziam parte das ramificações do PCC existentes no interior das unidades prisionais", explicou o delegado.
De acordo com ele, pelo menos cem mandados de prisão devem ser cumpridos durante todo o dia de hoje na região norte do estado. "A maioria dos mandados já foi cumprida, mas as equipes continuam nas ruas à procura dos que ainda não foram localizados", garantiu.
Questionado se a polícia teme represálias por parte do PCC por conta da grande operação, Reis Neto foi taxativo: "Estamos preparados para conter qualquer tipo de ação".
Alexandria
Mais de 1.500 policiais estão mobilizados na megaoperação batizada como Alexandria, que visa cumprir, além dos 757 mandados de prisão, quatro de busca e apreensão. A ação ocorre em quase 80 municípios de todo o estado e em oito unidades prisionais. A operação conta com o apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e do Departamento de Execução Penal do Paraná (Depen).
Por decisão do Poder Judiciário, 237 telefones serão bloqueados, assim como 28 contas bancárias que, além do bloqueio, terão os valores sequestrados.
A investigação que culminou na operação começou em agosto de 2014 no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), depois que os policiais apreenderam diversos cadernos com anotações e detalhes da atuação da facção criminosa no Paraná. Foram interceptadas, com autorização judicial, mais de 30 mil ligações.
A polícia tem mais de 1.700 horas de conversas dos membros desta facção envolvendo doze estados: Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Alagoas, Ceará, Goiás, Santa Catarina, Pernambuco, Rio Grande do Norte. O conteúdo das conversas interceptadas mostra que diversos crimes foram cometidos em benefício da organização criminosa, como tráfico de drogas, roubos de carros e residências, tráfico de armas e homicídios.
O nome da operação foi inspirado na Biblioteca Real de Alexandria ou Antiga Biblioteca de Alexandria, que foi uma das maiores bibliotecas do mundo antigo. Ela existiu até a Idade Média, quando supostamente foi totalmente destruída por um incêndio cujas causas são controversas. Nela continha praticamente todo o saber da Antiguidade. (Com informações da Polícia Civil)