O uso de um veículo Scenic, com as mesmas características das viaturas da Polícia Rodoviária Estadual, em um assalto a ônibus de sacoleiros, obrigou o comando a abrir uma investigação para apurar a suspeita de participação de policiais no caso.
O assalto ocorreu na madrugada desta quarta-feira, na PR-317, a menos de dez quilômetros do posto da Polícia Rodoviária de Iguaraçu.
Os assaltantes, quatro homens armados de pistolas e revólveres, atacaram o ônibus com 19 sacoleiros de Uberlândia (MG) com destino ao Paraguai, durante a simulação de uma blitz.
Segundo os sacoleiros, os homens estavam fardados e a viatura com giroflex ligado era idêntica da polícia.
Na abordagem, os assaltantes disseram que precisavam entrar no ônibus porque procuravam um suspeito de roubo.
No momento em que o motorista abriu a porta, os homens colocaram capuzes e deram voz de assalto.
A polícia estima que foram levados cerca de R$ 50 mil, mas o montante não é exato porque os sacoleiros evitam falar sobre valores temendo novos ataques.
Para o delegado de Astorga, José Maurício de Lima Filho, responsável pelas investigações do caso, a viatura pode ser de um veículo clonado porque as descrições sobre o veículo e o modo de operação da quadrilha são as mesmas de um recente assalto em Iretama, região de Campo Mourão.
Segundo ele, dois sacoleiros reconheceram como um dos assaltantes um homem identificado como Dirceu Shummis, cunhado de um dos integrantes da família Shorge.
Em um dossiê feito pelo Grupo Águia da Polícia Militar, os Shorge são apontados como uma quadrilha violenta e especializada em assaltos a ônibus no eixo entre Maringá e Cascavel, interior de São Paulo e Santa Catarina.
A família é da região de Pitanga e teria praticado mais de 30 assaltos a ônibus nos últimos três anos. Cada ação rende em média R$ 70 mil.
Após o assalto, que começou por volta das 2h30, os sacoleiros foram trancados no bagageiro do ônibus e levados para um canavial.
Eles só conseguiram chamar a polícia perto das 6 horas. Os sacoleiros também disseram na delegacia que perceberam a presença de um caminhão que teria rebocado a Scenic.
''Esta observação nos leva a pensar que a quadrilha tem o clone de uma viatura policial para a prática de assaltos'', disse o delegado.
O comandante da 4ª Companhia da Polícia Rodoviária, Adilson Castilho Cassitas, disse ontem que está monitorando o deslocamento das Scenic para saber qual a quilometragem e o serviço executado nos últimos dias.
O objetivo é descartar qualquer hipótese de participação de policiais ou de equipamentos da companhia nos assaltos.