A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) decidiu por unanimidade, na tarde desta quinta-feira (4), conceder habeas corpus aos quatro policiais militares que permaneciam detidos por suposto envolvimento na chacina ocorrida em Londrina e região entre os dias 29 e 30 de janeiro, quando 10 pessoas foram assassinadas após o homicídio do PM Cristiano Luiz Bottino, de 33 anos, no conjunto Milton Gavetti, na zona norte. A 11ª vítima da onda de assassinados morreu no início de fevereiro, no Hospital Universitário (HU).
Com a sentença do TJ-PR, João Paulo Roesner, Jefferson José de Oliveira, Julio Cesar da Silva e Thiago Morales foram liberados do 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM), onde estavam detidos, ainda nesta quinta. Eles seguirão respondendo criminalmente pelas denúncias do Ministério Público (MP) - homicídio qualificado, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo -, mas agora em liberdade.
A prisão preventiva deles foi decretada em julho pela juíza da 1ª Vara Criminal de Londrina, Elisabeth Kather, por outro caso, a morte do carroceiro Pedro Melo Domingos, de 28 anos. Segundo a PM, ele morreu em 12 de março deste ano durante confronto em uma estrada rural nos fundos do jardim Paris que liga a zona norte ao distrito da Warta. O MP entende que o rapaz foi executado. Ao pedir a prisão dos policiais, a promotoria alegou que eles também estão envolvidos na chacina de janeiro, representando, assim, um perigo à sociedade. O argumento foi aceito pela juíza de Londrina, mas rechaçado pelo TJ-PR na decisão desta quinta, que concedeu habeas corpus ao grupo.
De acordo com o advogado dos policiais, Cláudio Dalledone Júnior, a 1ª Câmara Criminal foi "sensível" à sua sustentação oral, na qual afirmou que seus clientes são inocentes. "Foram vítimas de uma ação midiática que surgiu após o envolvimento deles em um caso de reação legítima durante uma ação policial. Estavam presos por isso", afirma.
Já o advogado Delmar, que representa a família de Pedro Melo Domingos, rebate a defesa de Dalledone Júnior, e argumenta que há provas de que os policiais executaram Domingos. "Interceptações telefônicas comprovam que houve manobras para a arma, que supostamente teria sido usada por Pedro, fosse levada ao local do crime por outro policial", ressalta.
Também citado no processo criminal, o PM Danilo Alexandre Mori Azolini, já estava livre. Também indiciado, o publicitário Fábio Antônio Lucena segue preso.
A chacina de janeiro segue sendo investigada por uma força-tarefa da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP). Até o momento, ela ainda não se transformou em denúncia criminal, apesar de o MP ter citado a suposta participação de Roesner, Oliveira, Silva e Morales no processo do homicídio de Domingos.