Preso desde o final do ano passado por supostamente ter matado e esquartejado o corpo do travesti Luiz Antônio da Silva em um hotel na região central de Londrina, José Lincoln Betetto Santana, 32 anos, amargou mais uma derrota no meio judicial na última segunda-feira (23). O Tribunal de Justiça negou recurso de habeas corpus ingressado pela defesa do réu, que também alegou dificuldades para ter acesso aos autos que tramitaram no Ministério Público, Polícia Civil e que foram enviados à Justiça.
Para sacramentar a decisão de negar a solicitação, o TJ argumentou que "a defesa de Santana deixou de juntar provas acerca da tentativa de impossilidade de acessar os processos. Sem os documentos necessários, fica inviabilizada a análise do mérito", disseram os magistrados. No despacho, também foi relembrado que "apenas a juntada de cópia do mandado de prisão não propicia a esta Corte uma análise adequada do caso".
O primeiro revés de Santana na Justiça ocorreu no começo de 2017. No dia 4 de janeiro, o juiz Marcos Caires Luz converteu a detenção provisória em preventiva.
O crime
O cadáver repartido de Luiz Antônio da Silva foi encontrado embaixo da cama de um dos quartos e amarrado por cobertas. O O forte cheiro ocasionado pelo avançado estado de decomposição despertou a atenção de um homem que prestava serviços no hotel. Em depoimento, ele confirmou que Santana havia alugado o quarto. Outro morador confidenciou ao depoente que, no dia anterior à localização do corpo, Santana foi visto pegando uma máquina de serrar madeira. O equipamento teria sido comprado por ele mesmo. Na data em que tudo veio à tona, ou seja, menos de 24 horas depois, o indiciado foi flagrado saindo do hotel com uma mochila nas costas e cabelos raspados.
Com as informações coletadas no local do crime, papiloscopistas identificaram que as impressões digitais pertenciam à Santana. No despacho, o magistrado não teve dúvidas ao afirmar que "há indícios suficientes de autoria apontando o indiciado como autor do crime contra a vida apurado neste inquérito policial". Santana foi preso em Curitiba trabalhando como segurança de uma loja de confecções na rua Pedro Ivo, na região central.
Ao ser interrogado, ele negou que teria participação no crime. Além disso, afirmou que saiu do Norte do Paraná para "buscar emprego". Na época, a polícia acreditou que Santana estava trabalhando há pelo menos dois meses na capital paranaense.