Polícia

Juíza interroga réus sobre sequestro de estudantes

09 set 2003 às 20:26

Cinco dos seis indiciados no processo que apura o sequestro e roubo dos estudantes Celso Garla Filho e Thiago Lunardelli Fonseca, ambos com 18 anos, foram interrogados hoje a tarde pela juíza da 5ª Vara Criminal do Fórum de Londrina, Oneide Negrão.

Celso Garla, 60 anos, pai de um dos estudantes, foi o primeiro a falar. Ele é apontado como o mentor do crime por um dos acusados, o também advogado Décio Vanderlei Nogueira, 36 anos. A defesa de Garla apresentou documentos sobre sua condição financeira e tentou desqualificar as declarações de Nogueira. A juíza ainda ouvia os réus até o fechamento desta edição.

O sequestro dos estudantes durou cinco dias - de 1º a 5 de julho deste ano. Os jovens foram rendidos por dois homens quando chegavam ao campus da faculdade onde cursam direito, na zona sul de Londrina, e passaram por três cativeiros até serem liberados sem o pagamento do resgate exigido, de R$ 500 mil.

Além de Garla e Nogueira, que teria organizado o crime, outras quatro pessoas foram denunciadas. Segundo o processo, Luciano Ribeiro dos Santos, 21 anos, seria a pessoa destacada por Nogueira para contratar Oreles Timph, 46 anos, e Claudemir Sandoval, 24 anos (que está foragido), para renderem os estudantes e cuidarem da segurança dos cativeiros.


A irmã de Luciano, Lucinéia Ribeiro dos Santos, 24 anos, teria telefonado para os dois jovens um dia antes do crime para atraí-los para um mesmo local. Garla e Lucinéia respondem às acusações em liberdade. Já Nogueira, Timph e Luciano aguardam presos o andamento do processo.

''Estou aqui para provar minha inocência e reafirmar que jamais seria capaz de sequestrar meu próprio filho'', declarou Garla ao deixar o Fórum. Ele revelou ter entregue documentos pessoais à juíza que comprovam sua situação financeira estável e que ''não precisaria sequestrar ninguém''. Garla considerou que a Justiça acatou denúncia contra ele por causa dos ''indícios'' apontados por Nogueira. ''Há apenas indícios, sem prova nenhuma'', completou.

Seu advogado de defesa, André Luiz Salvador, mostrou extratos bancários e títulos que comprovariam que seu cliente não passava por problemas financeiros na data do crime. O defensor argumentou ainda que o advogado estava organizando uma festa de aniversário para o filho, para o dia 8 de julho.

Salvador tentou desqualificar a acusação de Nogueira. Segundo ele, Nogueira estava com dívidas no banco e há vários meses não pagava o aluguel de uma sala comercial que locou de Garla. ''Ele (Nogueira) é uma pessoa totalmente desestabilizada'', afirmou Salvador. A defesa acredita que Nogueira estaria tentando se beneficiar da lei de testemunhas ao fazer as acusações.

Nogueira, que está preso desde o dia 19 de julho, também prestou depoimento e, em rápida entrevista, disse ter reafirmado tudo que havia dito à polícia. Para ele, a comprovação de que Garla teria participação no crime só poderá ser feita quando Sandoval, que está foragido, for preso. A juíza ouviu também Lucinéia, que alegou não saber que se tratava de um plano de sequestro. Até o fechamento desta edição ela ouvia Timph e ainda iria interrogar Luciano.


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