Um investigador da Polícia Civil de Sertanópolis foi preso em flagrante por concussão (exigir dinheiro ou vantagem graças ao posto público que ocupa) na última sexta-feira (12). Ele e outro policial civil, este de Primeiro de Maio e ainda foragido, participaram de uma armação contra um comerciante de Bela Vista do Paraíso que havia se encontrado, em um motel de Sertanópolis (Região Metropolitana de Londrina), com uma mulher com a qual mantém um relacionamento extraconjugal.
De acordo com a Polícia Civil, a vítima havia combinado de se encontrar às 9h30 com a amante. Ao chegar ao local, foi surpreendido pela presença de outra jovem, de idade desconhecida até o momento. Minutos depois, os dois investigadores bateram na porta do quarto e deram voz de prisão ao comerciante, alegando que ele estaria mantendo um relacionamento sexual com a garota desconhecida, supostamente menor de idade.
Ainda dentro do quarto do motel, os policiais civis pediram R$ 200 mil para acobertar o suposto crime. Dizendo que não tinha a quantia pedida, a vítima ofereceu os R$ 5 mil que mantinha em sua conta bancária e se dirigiu, em seu carro, com os agentes, a uma agência de Sertanópolis.
No caminho, o comerciante passou mal e acabou sendo levado ao hospital em uma viatura caracterizada da Polícia Civil de Sertanópolis. O homem foi medicado e, assim que teve alta, foi ao banco para retirar o dinheiro, mas o caixa eletrônico permitiu o saque de apenas R$ 800,00. A permanência do comerciante e dos policiais na agência bancária foi registrada pelas câmeras do circuito interno de segurança. As imagens já estão com a Polícia Civil e fazem parte das provas contra os investigadores acusados.
O comerciante também ofereceu os R$ 300,00 que estavam em sua carteira, totalizando R$ 1,1 mil em dinheiro vivo entregue, como propina, à dupla de investigadores.
Liberado pelos policiais, ele acionou a Polícia Militar de Bela Vista do Paraíso e afirmou ter sido sequestrado em Sertanópolis - omitindo a participação dos investigadores - e levado ao motel, onde teria sido obrigado a tirar a roupa e aparecer com as mulheres em fotos e filmagens de celular.
A versão consta no boletim de ocorrência da PM, mas foi desmentida pelo próprio comerciante logo depois, em depoimento ao delegado que investiga o caso. No entanto, imagens das câmeras de segurança confirmaram a participação dos policiais no crime. Por meio de fotos, o homem reconheceu e apontou os dois agentes envolvidos e oficializou a denúncia de concussão.
O investigador de Sertanópolis foi preso em flagrante e encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil, em Curitiba. O outro policial ainda não foi localizado, assim como as duas mulheres envolvidas na armação, cujas identidades e idades exatas são desconhecidas até o momento. O pedido de prisão preventiva do investigador também foi encaminhado à Justiça que ainda não se manifestou.
No decorrer das investigações, o motel poderá ser autuado por não ter registrado a identidade de todas as pessoas que estiveram no quarto e sequer verificado suas idades.
O nome do comerciante e dos investigadores foram preservados pela Polícia Civil.