Três casos semelhantes e em sequência de falso sequestro em Curitiba e região chamaram a atenção da Polícia Civil do Paraná nesta semana. Os casos ocorreram entre entre terça-feira (18) e quinta-feira (20), em Pinhais e Curitiba. O grupo antissequestro Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial), unidade de elite da Polícia Civil, foi acionado para investigar a ação dos golpistas. Dois dos casos foram solucionados sem o pagamento de resgate, mas no outro a família pagou R$ 2 mil para os criminosos.
Nos três casos os bandidos agiram da mesma maneira. De algum telefone – possivelmente de dentro de um presídio até mesmo em outros estados – os criminosos ligam aleatoriamente. Quando a ligação é atendida por uma criança, adolescente ou outra pessoa vulnerável, os criminosos dizem que estão com um familiar sequestrado e mandam que essa pessoa saia de casa sob pena de ter o familiar morto.
O modus operandi é o mesmo. Quando, por exemplo, uma criança atende os criminosos conseguem durante a conversa, de forma pró-ativa, obter informações dessa pessoa supostamente sequestrada (como, por exemplo, o nome do pai ou da mãe, assim como os telefones celulares deles). A vítima, atemorizada, passa a obedecer ao golpista, acreditando que realmente alguém de sua família está em perigo.
Os criminosos, então, mandam a criança sair de casa e ir até um local ermo (uma praça, por exemplo) e não converse com mais ninguém, sempre sob a ameaça de que está sendo vigiada.
Desta forma, conseguem "isolar" a criança que passa a seguir as ordens do golpista. Após deixar a vítima incomunicável, fazem contato agora com parentes dela dizendo que ela está sequestrada. Os pais, desesperados, não conseguem contato com a criança, e, por sua vez, também passam a acreditar se tratar realmente de um sequestro.
"Assim, criando este quadro de terror, passam a exigir dos pais depósitos em contas para ‘liberarem’ a criança, e os pais acabam cedendo, porque somente tardiamente resolvem acionar a Polícia Civil", explicou o delegado do Tigre, Cristiano Quintas.
"Sempre trabalhamos como se fosse um caso real. Essa semana já atuamos em dois casos na região de Curitiba sendo que um deles a família acabou fazendo o depósito antes de procurar a polícia. No outro, pedimos para que não fizessem porque deveria se tratar de um golpe", explicou o delegado-titular do Tigre, Luis Fernando Viana Artigas.
A orientação da polícia nestes casos é sempre manter a tranquilidade, não efetuar nenhum depósito, procurar a Polícia Civil e de preferência o grupo Tigre – especializado em antissequestro.