O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) de Maringá e de Londrina, em conjunto com a Promotoria de Justiça de Apucarana, denunciaram esta semana 12 pessoas acusadas de envolvimento com o "jogo do bicho" na região de Jandaia do Sul, distante 18 quilômetros de Apucarana, no norte do Paraná.
Entre os denunciados estão dois delegados e um investigador de polícia, que estariam facilitando a atuação da quadrilha em troca de dinheiro ilegal. Os delegados envolvidos são Elza da Silva, de Maringá, e Gustavo Nogueira, de Jandaia do Sul, além do investigador Pedro Leite, também de Jandaia.
Há pelo menos três meses, o Gaeco vinha acompanhando a movimentação da banca "Vale do Ivaí", que, segundo as investigações, gerenciava a atividade ilícita do "jogo do bicho" em Jandaia do Sul, Mandaguari, Marialva, Kaloré, Marumbi, Bom Sucesso, São Pedro do Ivaí, São João do Ivaí, Borrazópolis, Barbosa Ferraz e Fênix.
De acordo com o Gaeco, pelo menos 85 pessoas trabalhavam na atividade ilícita na região. Seis delas estão presas: o dono da banca, Mário Saddi Júnior, conhecido como "Marinho"; o sobrinho e "braço direito" dele, André Luiz Saddi Pires, e outro integrante do bando, José Luiz Bosio. Eles estão presos na Penitenciária Estadual de Londrina II, acusados de corrupção ativa, formação de quadrilha, prática de contravenção penal do jogo do bicho.
Também foram denunciados por formação de quadrilha e contravenção penal do jogo do bicho: Agnaldo César Elias, Rodrigo Michel Valério, Geraldo Borges Fraga, Douglas Silva de Jesus, Miguel Rosa de Jesus e a funcionária pública Dirce Aparecida da Silva.
Porém, o que chamou a atenção dos promotores de Justiça que atuaram no caso foi a participação de policiais civis na quadrilha. As investigações mostraram que o ex-delegado de Jandaia do Sul, Gustavo Tucci Nogueira, a ex-delegada de Marialva, Elza da Silva, e o investigador de polícia Pedro Leite da Silva faziam "vistas grossas" frente ao "jogo do bicho" na região e que ainda repassavam informações privilegiadas e sigilosas aos "banqueiros" acerca das atividades policiais de repressão à atividade, em troca de dinheiro ilegal.
Segundo o Ministério Público, a ex-delegada de Marialva teria recebido cerca de R$ 900 reais mensais, entre fevereiro e outubro de 2009, para colaborar com a quadrilha. Já o ex-delegado e o investigador de Jandaia do Sul teriam recebido cerca de R$ 3 mil por mês, de 2004 a outubro de 2010, e a partir desta data, teriam aumentado o valor da comissão para R$ 4,1 mil, a fim de atrapalhar um pedido de investigação instaurado pelo Ministério Público.
Os dois delegados e o policial civil estão presos em Curitiba, acusados de facilitação da atividade ilegal, de corrupção passiva e de formação de quadrilha. Gustavo Tucci Nogueira ainda poderá responder por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e violação de sigilo funcional. (Fonte: Assessoria de imprensa do MP)