A passagem rápida por Londrina para participar da formatura de 394 policiais militares e 33 bombeiros, ocorrida na tarde desta terça-feira (10) no Ginásio de Esportes Moringão, não impediu que o secretário estadual de Segurança Pública, Wagner Mesquita, fosse "prensado" pelos jornalistas que cobriam a solenidade sobre um assunto que tem incomodado a Sesp: o andamento das investigações da execução do agente penitenciário Thiago Borges de Carvalho, 33 anos, no dia 20 de dezembro de 2016.
Na semana passada, a assessoria de imprensa da secretaria informou que as diligências permaneciam "em sigilo absoluto". Em entrevista coletiva, Mesquita reforçou que o caso é tratado como "prioritário e está sendo conduzido de forma técnica pelos delegados responsáveis". O inquérito é tocado por Manuel Pelisson, titular da Delegacia de Homicídios de Londrina (DHL). Contrariando a informação repassada pela assessoria ao Portal Bonde de que as investigações seguiam "sem novidades", o secretário garantiu que "houve avanços".
Pela primeira vez em uma aparição pública, Mesquita reconheceu o possível envolvimento do crime organizado na morte do agente. Na coletiva realizada em 21 de dezembro, um dia após a execução, o secretário aproveitou para lançar uma força-tarefa envolvendo policiais civis, militares e o Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), mas assegurou que "a quadrilha tinha um suporte para descobrir a rota de Thiago e os companheiros da PEL 2, onde voltavam de uma revista. O que resta saber é se essas informações vieram de alguma facção criminosa".
Vinte dias depois, o discurso é outro. Na entrevista desta terça-feira, Mesquita adiantou que "tudo indica a participação do crime organizado no atentado. Isso redobra a nossa atenção e amplia a resposta do Estado em relação à esse caso. Vamos tentar localizar essas armas e os mandantes/participantes", comentou. Detalhes de onde teria partido a ordem para o assassinato do servidor público não foram revelados à imprensa.
A morte
Thiago Borges de Carvalho era um dos integrantes da Seção de Operações Especiais (SOE) do Depen, criado pelo ex-secretário de Segurança Pública do Paraná, Fernando Francischini. O grupo sempre foi batizado como "linha de elite" pelos fundadores. O objetivo é combater episódios de crise nas penitenciárias do Estado, como rebeliões e motins.
A Sesp acredita que o trabalho de Carvalho no SOE possa ter motivado o atentado, mas não há confirmação de que o ataque teria sido direcionado apenas ao agente. Ele trafegava em um Logan sem qualquer tipo de proteção quando foi executado com tiros de fuzil. No carro, também estavam outros três colegas de Thiago, todos do SOE. Dois deles, sendo uma mulher, conseguiram atendimento às pressas no Hospital da Zona Sul (HZS). Eles já retornaram ao trabalho.
Thiago foi encaminhado ao mesmo hospital pelos próprios companheiros, mas não resistiu aos graves ferimentos e morreu minutos depois.