Um levantamento feito pela Polícia Militar do Paraná aponta que houve um aumento de 17,5% no número de homicídios dolosos (com intenção) no Estado de janeiro a abril deste ano em relação ao mesmo período no ano passado.
No primeiro quadrimestre de 2003, foram registrados 275 homicídios - 68 por mês - nas principais cidades paranaenses. Foz do Iguaçu, Londrina e Curitiba lideram as estatísticas da PM, com 28%, 27% e 25% - respectivamente - nos casos de assassinatos.
Mas, segundo os dados da PM, o município onde a situação se agravou foi Cascavel, que registrou um aumento de quase 70% no número de mortes violentas, computando 46 mortes nos quatro primeiros meses deste ano contra 27 registrados no mesmo período no ano passado. A cidade concentra 16% dos homicídios do Estado.
Segundo o professor Pedro Bodê Moraes, coordenador do Grupo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o crescente número de homicídios tem relação com o fluxo livre de armas legais e ilegais no Paraná.
De acordo com ele, as mortes violentas ocorrem em 50% das vezes por causa da presença da arma de fogo. Se forem contabilizados apenas jovens com idades entre 14 e 25 anos, o índice sobe para 70%.
''O desarmamento é prioritário para impedir a entrada de armas no País. E não somente isso. Temos que acabar também com o porte de arma. Armas devem ficar restritas aos agentes de polícia'', considerou o professor.
Bodê questiona ainda o registro de armas e a liberação da compra para que as pessoas possam se defender. Dados do grupo de estudos da UFPR revelam que 85% das pessoas que reagem a assaltos são assassinados.
''Não se justifica a sociedade armada. Arma serve para matar'', argumentou. Mas ao contrário do que se possa supor, a maioria das pessoas que morrem assassinadas é de classe baixa.
''A classe média morre no trânsito. Os pobres morrem assassinados. Eles são mais vulneráveis a esse tipo de crime'', avaliou. O álcool também influencia neste tipo de crime. Em cerca de 49% dos casos, foi detectada a presença de álcool no sangue das vítimas de homicídio.
O levantamento da PM aponta que a maior queda no número de homicídios foi registrada em Maringá, onde sete pessoas foram mortas no primeiro quadrimestre de 2003, um índice 35% menor do que no ano passado, quando foram registrados 11 assassinatos.