O delegado-chefe da Divisão Metropolitana de Curitiba, Jorge Ajuz, atribui a defasagem no número de delegados do Estado ao atraso do concurso que abriria novas vagas para o cargo. Segundo ele, seriam abertas cerca de 200 vagas, o que resolveria o problema de acúmulo de funções.
Atualmente, somente na região metropolitana, cerca de 15 delegados atuam em 25 municípios, o que representaria uma média de dois municípios por delegado. O número, no entanto, contrasta com a realidade, como é o caso do delegado de Agudos do Sul, que responde pela delegacia de quatro municípios.
Para Ajuz, esse acúmulo não representa risco para população, já que existem municípios, como Doutor Ulisses e Adrianópolis, que registram apenas cerca de um inquérito por mês. Ele admite, no entando, que outros municípios apresentam mais problemas e necessitam de um delegado permanente.
O acúmulo de funções se repete em todo o Estado. O delegado Gabriel Marcello Botelho Junqueira Filho, da comarca de Ivaiporã, atendeu mais duas comarcas, além da sua, nos últimos quatro meses. Na última semana, o delegado Antônio Aparecido Gregório foi nomeado para a comarca de São João do Ivaí. Mesmo assim, Junqueira Filho continua acumulando a função de delegado na comarca de Manoel Ribas, que está sem delegado desde junho deste ano. Para ele, este acúmulo de função é necessário enquanto o governo do Estado não preencher as vagas por meio de concurso. "A gente está ajudando a Polícia Civil, até porque foi uma reivindicação nossa que os assistentes de segurança, os chamados 'delegados calças-curtas', não atuassem nessa função", disse.
O secretário de Segurança Pública, José Tavares, disse nesta segunda-feira que o concurso será realizado em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mas a greve dos professores estaria prejudicando a elaboração das provas. "Pretendemos nomear 41 delegados e designá-los todos ao Interior, reforçando as sedes de comarcas. A data para as contratações depende da conclusão do concurso que estamos fazendo em parceria com a UFPR", disse Tavares.
Ele também deixou claro que pretende eliminar gradativamente os delegados não concursados ou sem formação superior. "A aplicação da lei penal não é para qualquer pessoa. Ela é para profissionais, para aqueles que estudaram. Queremos oferecer uma estrutura melhor para as comarcas e para os municípios abrangidos por elas", comentou. (Colaboraram Chiara Papali, de Londrina, e Emerson Dias, de Foz do Iguaçu)