O auditor da Receita Estadual Luiz Antônio de Souza e o empresário Antônio Crippa Neto, de Cambé, participaram ontem de uma audiência de instrução do quinto processo ligado ao esquema de exploração sexual desmontado em Londrina, em janeiro do ano passado. Foram ouvidas quatro vítimas e 17 testemunhas, sendo 12 da acusação e cinco de defesa. Rafaela Gomes, suposta aliciadora que também é ré no processo, apresentou atestado médico e não compareceu à audiência na 6ª Vara Criminal de Londrina.
Todas as vítimas ouvidas neste processo disseram que tinham mais de 14 anos à época dos fatos, o que não configura estupro de vulnerável, crime de maior gravidade que é analisado em outros processos do esquema de exploração sexual. Esta é a quinta audiência de instrução de Souza. O auditor, que segue preso na unidade 1 da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL) é arrolado em 11 dos 36 inquéritos concluídos pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Já o nome de Crippa Neto aparece em outros cinco processos. Ele chegou a ser preso, mas atualmente cumpre prisão domiciliar.
Pela falta de uma testemunha arrolada na denúncia, a audiência precisou ser suspensa e será retomada na primeira quinzena do mês que vem. O promotor Thadeu Lima, da 14ª Promotoria de Justiça de Londrina, disse que o Ministério Público não abriu mão da testemunha pela importância das informações. "É um depoimento que nos parece bastante importante para a elucidação dos fatos."
Segundo ele, já foi expedida uma intimação à testemunha que deixou de comparecer. Em caso de nova recusa, ela poderá sofrer condução coercitiva, quando a testemunha é obrigada a prestar depoimento. Lima informou que assim que a última testemunha for ouvida, os réus devem prestar depoimento. A expectativa do promotor é que haja uma sentença até o meio do ano.
O advogado de Crippa Neto, Mário César Pinto, disse que as divergências de informações prestadas pelas vítimas comprovam a inocência do cliente. "No caso dele [Crippa Neto] é só uma única menina que o acusa, mas ele nega conhecê-la. Os depoimentos contraditórios reforçaram o que temos defendido", comentou. Segundo o advogado, o fato do cliente aparecer em seis processos faz parte dos "tiros para todo lado" resultante da delação premiada.
Eduardo Duarte Ferreira, advogado de Luiz Antônio de Souza, também mencionou pontos de imprecisão nos depoimentos. "Os processos do meu cliente estão em estágio avançado, alguns comprovam fatos narrados, outros ainda estão obscuros, principalmente em relação à idade das vítimas. A delação dele foi efetiva e os fatos revelados por ele começam a se comprovar", comentou. Para o promotor, os depoimentos das testemunhas foram consistentes e não apresentaram sinais de tentativa de simulação ou ocultação dos fatos.
PRISÃO
O empresário Íris Matos Moreira, dono do motel de Londrina onde Luiz Antônio de Souza foi flagrado com uma menor no dia 13 de janeiro de 2015, voltou à prisão na manhã da última segunda-feira. De acordo com o Ministério Público, o empresário tentou subornar testemunhas para que elas mudassem os depoimentos. Ele foi levado para a PEL 1. A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Moreira até o fechamento da edição.