Uma comissão formada por 100 pessoas aprovadas em concurso público para contratação de delegados no Paraná ainda espera uma resposta do governo estadual em relação ao chamamento de novos candidatos. O processo, realizado em 2013, convocou até o momento 130 classificados. O número é considerado apenas como uma 'reposição' pela Associação de Delegados de Polícia do Paraná (Adepol), que acompanha o caso.
A representante do órgão em Londrina, Lívia Pini, titular do Núcleo de Atendimento a Criança e Adolescente (Nucria), afirmou que 'a defasagem continua grande'. Dados coletados junto à Ouvidoria da Polícia Civil mostram que em 2011 o Paraná possuía 366 delegados, 681 escrivães e 2245 investigadores. Cinco anos depois, o quadro de servidores aumentou para 413, 727 e 2849, respectivamente. "É preciso levar em conta que as cidades cresceram e a criminalidade também. Essas contratações não influenciaram de fato no trabalho rotineiro", afirmou.
Em 2003, Londrina comportava 23 delegados que revezavam-se nos plantões. Em 2015, o número diminuiu para 10, que ainda precisavam cuidar dos distritos. Na época, a Adepol sustentou que a situação estava 'caótica'. "É bom relembrar que a população da cidade aumentou em 80 mil habitantes. Infelizmente, o governo não acompanhou o desenvolvimento e deixou essa questão de lado'', pontuou Lívia Pini. "Muitas delegacias especializadas, como a Mulher e o próprio Nucria, foram criadas, atendendo reivindicações antigas. Não é o ideal", disse.
O relatório elaborado pela comissão dos candidatos ainda aponta que, de 2010 a 2014, cerca de 120 delegados se aposentaram no Paraná. Em 2016, há 20 aposentadorias e exonerações programadas. No início de junho, 64 delegados concluíram o curso de formação e foram distribuídos para várias subdivisões do interior, além de preencher as vagas na capital.
Contrapondo a garantia de que nenhuma comarca ficaria sem um representante fixo, o levantamento mostra que 250 municípios do Estado estão sem delegados privativos. "Esperamos uma compreensão por parte do governo. A polícia está trabalhando sob limite", concluiu Pini. A assessoria da Polícia Civil não informou ao Portal Bonde se há novas convocações programadas para os próximos meses.