Polícia

Acusados de grampo são ouvidos em Araucária

30 out 2001 às 17:25

O Fórum de Justiça de Araucária (Região Metropolitana de Curitiba) começou a ouvir as primeiras pessoas denunciadas pelo Ministério Público como responsáveis pelo grampo encontrado em duas linhas da Ocidental Distribuidora de Petróleo, empresa de propriedade de Ezídio Guerino, no final de março deste ano.

Foram ouvidos o advogado criminalista Peter Amaro de Sousa, os policiais militares Luiz Antonio Jordão e Afrânio de Sá e o instalador João Batista Cordeiro. Os demais denunciados, Gilberto Gonçalves (técnico em telefonia do Palácio Iguaçu) e Naum Rubem Galperin (empresário proprietário da Delta Distribuidora de Petróleo), não foram localizados para que as intimações fossem entregues e serão ouvidos no decorrer do processo.


De acordo com a denúncia protocolada pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC), Galperin teria procurado Sousa em seu escritório para pedir que fosse realizada a interceptação das ligações de seu concorrente, com quem mantém pendências financeiras e judiciais desde 1997.


O advogado, que teria um irmão que trabalha como piloto no Setor de Tráfego Aéreo do Palácio Iguaçu, teria entrado em contato com o soldado Afrânio, que por sua vez comentou o assunto com o cabo Jordão (autor de diversas denúncias de grampo telefônico em campanhas eleitorais e prédios públicos envolvendo o primeiro escalão do governo do Estado).


Os dois militares teriam contratado os serviços de Gilberto Gonçalves, que na oportunidade trabalhava no setor de telefonia para o Palácio Iguaçu e era subordinado à assessoria especial de gabinete do governador Jaime Lerner, comandada pelo secretário Gerson Guelmann. Gonçalves teria entrado em contato com Cordeiro para a realização do serviço. Cordeiro teria se deslocado até a Rodovia do Xisto, em Araucária, e instalado dois gravadores nas linhas telefônicas da Ocidental. No dia 4 de abril, ele foi preso em flagrante quando retirava os gravadores que estavam conectados aos cabos dos terminais telefônicos. O serviço teria custado R$ 700,00.


Nos depoimentos, todos os supostos envolvidos negaram a escuta clandestina. Sousa disse que foi vítima de um complô em consequência das declarações que estavam sendo dadas na imprensa. "Fico feliz de estar sendo processado desta maneira", ironizou ele. Jordão e Afrânio disseram que só foram chamados para fazer uma varredura na Delta Distribuidora de Petróleo e que chamaram Gonçalves para a execução do serviço. Eles não teriam tido participação em qualquer tipo de escuta telefônica.

Cordeiro confessou ter instalado os gravadores, mas disse que a mando de Gonçalves. Por se tratar de um funcionário do alto escalão do Estado, ele teria pensado que a escuta tinha autorização legal. A próxima audiência sobre o caso ainda não tem data marcada.


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