A médica-sanitarista e coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, 66 anos, recebeu à tarde o título de Cidadã Honorária do Estado, honraria concedida na Assembléia Legislativa. A presença da indicada ao prêmio Nobel da Paz deste ano mudou a já diferente rotina da Casa, ocupada desde segunda-feira pelos professores da rede estadual em greve por melhores salários. Os manifestantes aceitaram deixar o plenário até que a solenidade terminasse.
"A disposição era não se retirar até o governo apresentar uma proposta, mas quando fomos informados que a homenagem seria para um pessoa que tem muito em comum com a Educação, demonstramos um ato de boa vontade. A Zilda Arns sempre esteve envolvida em projetos que têm o objetivo de promover a vida humana, a dignidade e a busca por uma sociedade mais justa", disse Luiz Carlos Paixão da Rocha, secretário de organização da APP-Sindicato.
O recuo dos professores limitou-se às galerias de onde acompanharam a homenagem, que durou cerca de duas horas. Antes da sessão, Zilda Arns conversou com a imprensa quando fez uma declaração, em tom cauteloso, sobre o movimento dos professores paranaenses. "A Educação tem que ser sempre prevista com o diálogo. Deve haver diálogo de parte a parte. Acredito que o melhor caminho é esse", disse a médica-sanitarista, que tem nove irmãos educadores.
Zilda Arns disse que a troca de idéias entre os 132 mil voluntários da Pastoral da Criança e 1 milhão de famílias assistidas foi fundamental para a consolidação do projeto em 12 países. No Brasil, cerca de 5 mil crianças são salvas da desnutrição a cada ano graças à multimistura, um composto de vitaminas feito de legumes e restos de alimentos. Por causa de resultados assim, a Pastoral, fundada em 1983 no município de Florestópolis (PR), foi indicada pelo governo brasileiro para concorrer ao Nobel da Paz. O vencedor será conhecido no dia 12 deste mês na Noruega, país onde o prêmio foi criado.