Moradora da casa ao lado do reservatório de água rompido em Jataizinho, Regina Aparecida de Souza Uehara afirma que já havia avisado o Saae (Servbiço Autônomo de Água e Esgoto) “umas sete ou oito vezes” de que minava água do muro. Após o rompimento, na madrugada desta quarta-feira (15), o volume reservado destruiu três casas da família dela e deixou a mãe gravemente ferida, com fraturas no fêmur e bacia.
O reservatório do Saae ficava na divisa com a casa de Regina e, de acordo com ela, a água minava para seu quintal. “A gente já havia reclamado umas cinco ou seis vezes que tinha rachadura no muro e minava água. Chamei o André [Luiz Alves Júnior, presidente do Saae] e falei: ‘Ó, está minando água demais, isso é périgoso’. Ele disse: ‘Não, Regina, isso não estoura, não. Isso daí é superficial, só passar uma massinha’. Inclusive, passou uma massinha de cimento e deu nisso daí”, diz a moradora.
A reportagem entrou em contato com a assessoria d eimprensa da Prefeitura de Jataizinho e aguarda um posicionamento do departamento jurídico sobre a reclamação da moradora.
Levados pelas águas
Duas das casas afetadas pela enxurrada de água potável pertencem a Regina e a terceira, à mãe dela. Segundo Regina, na madrugada desta quarta, ela foi acordada de supetão pelo marido. “Nós estávamos dormindo quando escutei meu marido gritando ‘acorda, que entrou uma carreta em casa’. O telhado cedeu e estava caindo na nossa cabeça. E, quando veio a tromba d’água, a cama foi levada e eu caí e afundei. Meu marido me tirou da água uma vez, a água subiu e afundamos de novo. Fomos grudando em paredes, tentando ir para um lugar mais alto, mas estava tudo cheio de água”, conta.
Após se salvar, a preocupação de Regina era com sua mãe, que mora na casa vizinha – desta, sobrou apenas um cômodo em pé. De acordo com Regina, a mãe não foi levada pela enxurrada porque estava embaixo dos escombros. Ela foi levada par ao hospital Cristo Rei, de Ibiporã e, até as 13h desta quarta, aguardava transferência para outro local para pasar por uma cirurgia.
A terceira casa afetada fica aos fundos da residência de Regina, estava alugada e um cômodo desmoronou.
A destruição, entretanto, prosseguiu pelos três quarteirões da Rua Piquiri. “Na nossa rua, o ônibus de um colega meu estava estacionado na rua, foi arrastado [pelas águas] e entrou em uma casa. Os quartos do meu filho e da minha filha foram parar no quarto da minha mãe. Achamos violão do meu filho na rua e o piano [dele] no Jardim Maria Júlia. Minha gata foi achada a quatro quarteirões de casa. Você não tem proporção do negócio que foi”, disse a moradora.
No registro da PM (Polícia Militar) consta que o muro e água do reservatório saíram por cima de um Fiesta e de uma BMW, arrastou objetos da residência e também um veículo Renault Clio, que foi arremessado no ônibus modelo Volare, "sendo que ambos foram arrastados, vindo a danificar o muro de uma residência na rua Piquiri. A força da água deixou rastros de destruição e entulhos em vias adjacentes".
Regina mora sozinha com o marido na casa – os filhos estão no Japão. A gata encontrada está sob cuidados de um vizinho e passa bem.
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