Paraná

Vítima do "atirador do Juizado" estava sob ameaça

06 abr 2001 às 12:32

A mulher de Pedro Graciano da Silva, Letícia Cristina Cunha, 23 anos, estava torcendo ontem para que o ex-companheiro permanecesse preso ou que fosse morto pela Polícia Militar. Quando aguardava o atendimento médico em uma maca no ambulatório do Hospital Cajuru, em Curitiba, Letícia contou à Folha que, apesar de conhecer Pedro, foi surpreendida pela sua ação.

"Cheguei antes da hora da audiência no Tribunal, ele estava na lanchonete e se aproximou da gente", disse Letícia. Acompanhada da mãe, Creuza Bessani Cunha, 54 anos, e do pai, Benedito Souza Cunha, 53 anos, Letícia disse que evitou falar com Pedro. "Mas quando ele se aproximou, vi uma arma e tentei avisar minha filha, mas levei um tiro", conta Creuza. Letícia foi agarrada e foi atingida à queima-roupa no olho. Em seguida, o pai foi atingido no braço. O vigia desempregado ainda disparou contra o sargento do Exército, Antônio José Oliveira Coelho, 33 anos, que tentou dominá-lo.


Letícia e seus parentes foram levados para o Hospital Cajuru e o sargento foi encaminhado para o Hospital Evangélico. Ontem, no início da noite, todos os feridos estavam sob observação médica.


O olho de Letícia foi atingido de raspão. A mãe dela iria passar por uma intervenção cirúrgica para retirar a bala presa na clavícula direita. O pai, Benedito Cunha, também foi operado, já que a bala quebrou o braço. O sargento do Exército também passava bem, depois que a bala foi retirada do tórax, sem ter afetado nenhum órgão interno.


A mulher contou que estava no Tribunal porque o marido iria receber uma sentença por fazer constantes ameaças de morte. "Estava vivendo com ele há um ano e um mês. E, depois de um tempo de vida juntos, ele passou a apontar faca para mim, acreditando que eu o traía", disse.


Depois de constantes ameaças, Letícia denunciou o marido na Delegacia da Mulher, onde foram confirmadas as acusações.


Ciumento e possessivo


A mulher do vigilante Pedro Graciano da Silva, Letícia Cristina Cunha, e a mãe dela, Creuza Bessani Cunha, classificaram o atirador como uma pessoa possessiva e ciumenta. De acordo elas, o humor de Silva, de 32 anos, oscilava muito e, em pouco segundos, variava entre a alegria e surtos de agressividade.


Desde que tinha perdido o emprego de vigia, o rapaz vinha sendo acompanhado por um psiquiatra. Segundo a Polícia Militar, o vigilante estava tomando remédios para controlar a depressão. Entre os medicamentos estava um tranquilizante, usado para combater o estresse.


Creuza disse que Silva dava a impressão para as pessoas de fora da família de "ser uma pessoa tranquila e controlada", apesar de "não se sustentar no emprego". No entanto, no círculo familiar, ele se mostrava agressivo. Ele estava sempre desconfiado da mulher, duvidando da sua fidelidade. O vigia desempregado mantinha o controle da família por meio de intimidação. "Ele usava faca para me ameaçar e assustar meu filho", contou Letícia, que é mãe de uma criança de quatro anos.

O rapaz teria inclusive agredido a mulher algumas vezes. Outras vezes, Pedro tentava controlá-la, dizendo que ia se suicidar e depois matar a família. Letícia Cunha disse que ele também é uma pessoa "vingativa e revanchista". "Ele é um psicopata", concluiu a mulher.


Continue lendo