O impasse entre a coordenação do Ibama nacional e do Paraná acabou facilitando a vida dos pescadores de caranguejo no litoral. Mesmo com a pesca proibida até 31 de dezembro, a venda acontece normalmente no mercado municipal de Guaratuba. A portaria é baseada em um estudo nacional sobre a reprodução dos caranguejos no Brasil. Mas no Paraná, pelo que indicam os estudos, a regra muda um pouco.
Atendendo aos pedidos dos pescadores paranaenses, interessados em lucrar com a temporada de verão, o representante do Ibama no Paraná, Luiz Antônio Nunes Melo, solicitou um estudo dos biólogos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sobre a época de reprodução dos caranguejos aqui no Estado. O resultado indicou que aqui a cópula e desova já teriam terminado no começo de dezembro. O que fez o representante enviar uma carta à presidência nacional do Ibama pedindo a liberação da pesca. Enquanto isso, os pescadores aproveitaram a solicitação e foram ao mangue. Mas, na quarta-feira passada, a presidência negou o pedido e manteve a ordem da portaria. "Pelo menos eu tentei", disse o representante do Ibama no Paraná.
Ele explicou que a comunidade pesqueira do litoral fez um pedido para que a pesca fosse liberada antes da data estipulada pela portaria. "Como existia um estudo para os estados do Espírito Santo e São Paulo, pedi um para o Paraná". Com a resposta, ele fez um pedido ao Ibama nacional. "Nem todos os estados são iguais. Temos que respeitar as sazonalidades de cada um, mas é preciso também respeitar a hierarquia. Não posso simplesmente passar por cima de uma ordem".
Enquanto isso, os pescadores se revoltam com a negativa do Ibama. O pescador Davi Alexandre Alves, 35 anos, é um dos que ontem vendiam ilegalmente caranguejos no Mercado Municipal de Guaratuba. "Essa lei é burra. A reprodução já terminou e mesmo assim nós só pegamos os machos. As fêmeas nós deixamos cuidando dos filhotes".