O derramamento de óleo diesel na Serra do Mar vai concentrar os debates da reunião do Conselho Nacional do Meio-Ambiente (Conama) amanhã em Brasília. O representante do Conama na Região Sul, o ambientalista curitibano José Álvaro Carneiro, disse que vai defender mudanças na legislação ambiental. O ecologista quer que as atividades da Petrobras passem a ser fiscalizadas por organizações não-governamentais (ONG) com poderes para contratar auditorias independentes.
Carneiro acredita que não existe outra alternativa para a Petrobras resgatar sua credibilidade. "É preciso ter o acompanhamento da sociedade civil organizada. Senão, a pressão política e econômica prevalece", diz. Um exemplo disso, segundo ele, foi a atitude da empresa em garantir, no dia do acidente, que o vazamento seria de apenas 1,2 mil litros de óleo diesel. Quarenta e oito horas depois, a Petrobras admitiu que o rompimento do oleoduto causou o derramamento de 48,5 mil litros do combustível.
"A Petrobras precisa parar de contar firulinha através do seu departamento de marketing e começar a dar a verdade para a população", afirma Carneiro. Em comunicado oficial, a Rede Verde de Informações Ambientais, que congrega seis ONGs de Curitiba, exigiu que todas as instalações da Petrobras passem por uma revisão "urgente". "No acidente na Serra do Mar, a Petrobras repetiu com incrível precisão todos os erros: demorou para avisar as autoridades, usou equipamentos inadequados, não teve coordenação para controlar as ações necesárias", diz um trecho da nota.
Para a bióloga Gisele Sessegolo, que esteve ontem na área afetada, a fauna e a flora da região estão comprometidas. O vazamento causou uma série de danos a peixes, crustáceos e pequenos animais que se alimentavam na beira dos rios e mangues invadidos pelo óleo. "São zonas de reprodução marinha e de biodiversidade que sofreram um grande impacto", observa. Gisele diz que o movimento da maré na Baía de Antonina ajuda a levar o óleo para pontos de sobrevivência dos animais.
Segundo a bióloga, os níveis do mar e dos rios mudam pelo menos duas vezes ao dia, o que é suficiente para atingir com rapidez regiões que servem como fonte de alimentação de várias formas de vida. Gisele diz que ainda é cedo para prever quanto tempo irá levar para o ecossistema da região se recuperar.