A Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná) alerta para aumento vertiginoso de número de casos de Covid-19 no Norte Pioneiro. Números divulgados por docentes do Colegiado de Geografia, baseados em boletins da Sesa (Secretaria de Saúde do Estado), apontam para o avanço da doença na região. No dia 100 de pandemia na região, foram registrados 746 casos da doença e 38 óbitos. Agora, no dia 200, já são 6.094 casos de Covid-19, (média de 30 casos por dia e taxa de 1.116 casos por cem mil habitantes), 5.348 novos casos em cem dias, um aumento de 716%. O Norte Pioneiro já registrou 168 mortes por Covid-19, distribuídas em 35 cidades.
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"A realidade brasileira de pandemia é assustadora. No Norte Pioneiro do Paraná a realidade não é diferente. Os dados publicados mostram que a última semana foi a pior desde 16 de julho. Além disso, justamente no dia 200 de pandemia (26 de setembro), o Norte Pioneiro superou a marca dos 6 mil casos de Covid-19, patamar elevado para uma região composta predominantemente por cidades pequenas e baixa centralidade da rede urbana paranaense”, acentua o professor Pedro Henrique Carnevalli Fernandes.
Platô
Ainda segundo explicação do professor, é possível constatar pelas análises realizadas em relação ao avanço da doença, que a região sequer atingiu o platô, o pico da pandemia e de uma consequente estabilização de número de novo casos. "Pelo contrário, os números seguem crescendo rapidamente, quase 2 mil casos em um mês”, alerta. "Isso significa que os deslocamentos não essenciais estão sendo realizados, influenciando na manutenção de patamares elevados de contaminação e de óbitos. Soma a isso um Estado que tem falhado nas políticas de contenção, inclusive sendo permissivo com alguns segmentos da elite e negligente com os menos favorecidos. Os dados científicos sustentam essas reflexões”, critica.
Menor e maior
A menor taxa de contaminação na região está em Ribeirão Claro, com 187 casos por cem mil habitantes. Outros cinco municípios têm taxas menores que 500 casos por cem mil habitantes: Santa Amélia, Pinhalão, Congonhinhas, São Jerônimo da Serra e Figueira.
Em contrapartida, Jataizinho apresenta a maior taxa, agora com 3.975 casos por cem mil habitantes e 7 mortes. Bandeirantes, na segunda posição, tem taxa de 2.591, bem superior ao terceiro colocado, Conselheiro Mairinck, com 1.678 casos de Covid-19 por cem mil habitantes. No total, 23 municípios do Norte Pioneiro do Paraná (50% da região) têm taxas acima de 1.000 casos de Covid-19 por cem mil habitantes
Óbitos
Com relação aos óbitos, as maiores taxas estão em Santa Cecília do Pavão (110 por cem mil habitantes) e Santa Mariana (105 por cem mil habitantes). Os municípios que não registraram oficialmente óbitos pela doença são: Abatiá, Barra do Jacaré, Jaboti, Japira, Jundiaí do Sul, Nova América da Colina, Nova Fátima, Nova Santa Bárbara, Pinhalão, Santo Antônio do Paraíso e Tomazina. Considerando o número absoluto de mortes por Covid-19, Bandeirantes (23) e Cornélio Procópio (20) apresentam os maiores valores.
Descontrole
Os dados, explica o professor, evidenciam que alguns municípios conseguiram controlar a disseminação da doença até o dia 100 de pandemia, mas depois passaram a enfrentar um descontrole, chegando ao dia 200 com altas taxas de contaminação.
"Bandeirantes, que ocupava a 34ª posição no centésimo dia de pandemia, agora, no dia 200, aparece na 2ª posição”, disse. A cidade apresentou, ao lado de Nova Santa Bárbara, a maior variação (32 posições). Nova Santa Bárbara saltou da 40ª posição no centésimo dia de pandemia (a cidade não possuía casos naquele dia) para a 8ª posição no dia 200. Nova América da Colina, Curiúva e Assaí subiram mais de 20 posições na comparação entre os dois rankings.
No outro extremo, cinco cidades caíram mais de 20 posições, demonstrando uma significativa melhora nas taxas de contágio: Leópolis, Carlópolis, Nova Fátima, Tomazina e Sapopema.
No Brasil
O professor informa que em 200 dias de pandemia, o Brasil registrou 4.718.115 casos e 141.441 mortes por Covid-19, segundo o Consórcio dos Veículos de Imprensa. Isso representa uma alta taxa de óbito: 3% dos contaminados. "O Brasil possui 14% de todos os contaminados e óbitos por Covid-19 no mundo – essa proporção é imensa, sobretudo considerando que o País tem, aproximadamente, 2,5% da população mundial. Isso desnuda a incapacidade do Estado brasileiro em conter a disseminação do novo coronavírus e, principalmente, evitar as mortes”, disse o professor. (Com informações da Uenp)