Duas famílias de Foz do Iguaçu buscaram uma solução burocrática para desfazer o nó criado ao comprovarem a troca des suas filhas, hoje com sete anos de idade, num hospital de Foz do Iguaçu. Os pais de criação querem anular os registros de nascimento, já que exames de DNA revelaram a inexistência de laços biológicos, e depois colocar cada criança para adoção e adotá-las em seguida.
Essa foi solução jurídica encontrada num jantar realizado terça-feira à noite para aproximar pais e filhas. Assim, o pedreiro José Luiz da Silva, 35 anos, e a dona de casa Maria Pereira da Silva, 30 anos, permanecem com a guarda da garota Danielle e o garçom Edinilson Barbosa, 32 anos, e a vendedora Ana Maria Barbosa, 33 anos, continuam com a filha Franciele.
Os pais decidiram não desfazer a troca ocorrida em 24 de outubro de 1995, resultado de um suposto erro ocorrido no Hospital Internacional, em Foz. Negros, José e Maria receberam no leito Danielle, branca, de cabelos loiros e olhos azuis, enquanto que Edinilson e Ana Maria criaram Franciele.
O erro só foi descoberto após investigação do casal José e Maria. A mulher era acusada por vizinhos de ter traído o marido. Ela chegou a sofrer de depressão e diz ter perdido um emprego por causa do transtorno. O casal investigou o paradeiro das outras 12 mulheres que tiveram filhas naquele dia e chegaram até Ana Maria, convencendo-a fazer o exame de genética.
Explicado o caso e acordado pela não troca das crianças, os quatro, todos de classe média, decidiram aproximar as famílias. ''Pai não é apenas aquele que faz, mas quem cria um filho'', resumiu vendedora Ana Maria, declarando a opção de continuar com Franciele, mas com a certeza de ''pegar amor pela filha biológica''.
Além das duas meninas, cada casal tem um segundo filho. No encontro, a dona de casa Maria soube que vendedora Ana Maria também chegou a ser acusada de trair o marido. Ana Maria é branca, loira e tem olhos azuis, mas possui uma filha biológica, branca, e Franciele, negra. ''Como o Edinilson (marido de Ana Maria), é moreno não desconfiei da troca'', afirmou Ana Maria.
Os donos do hospital, que assumiram a instituição em abril, dizem não poder responder pelo episódio de responsabilidade dos antigos diretores. Estes, por sua vez, evitam comentar o caso. A Justiça Criminal investiga a denúncia. ''Não desejo isso para ninguém. Vamos reparar o erro com amor'', completou a vendedora. Mas as duas mães vão entrar na Justiça cobrando danos morais da direção do hospital.