Paraná

"Trem Pé-Vermelho" é discutido em Conferência

08 abr 2010 às 20:14

Para o governador Orlando Pessuti, que participou nesta quinta-feira (8) da 4ª Conferência Estadual das Cidades, em Foz do Iguaçu, a volta do trem de passageiros no eixo Londrina-Maringá é uma das alternativas de governo "que pode em muito ajudar na mobilidade urbana" e também "no conforto das pessoas" que vivem na "região conhecida como metrópole linear do Norte do Paraná". O governador lembrou que o governo tem um projeto, "que é o Trem Pé-Vermelho, uma ação governamental a favor da mobilidade e do desenvolvimento regional e do desenvolvimento das cidades".

"A Ferroeste saúda o esforço de todos os cidadãos, militantes dos movimentos sociais e agentes públicos, especialmente a equipe da SEDU, que construíram esta 4ª Conferência Estadual das Cidades, precedida pela incrível realização de 310 conferências municipais. Trata-se de uma vitória de todos e mostra um Paraná pujante e participativo", disse o presidente da empresa, Samuel Gomes, coordenador do grupo de trabalho do Trem Pé-Vermelho.


O secretário do Desenvolvimento Urbano e coordenador-geral do evento, Forte Netto, considera que a Conferência "mostra o amadurecimento de um processo que deve ser considerado um dos principais elementos para a consolidação da democracia participativa no país". O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, que participa do encontro, defende a tese de que não é possível falar em políticas de desenvolvimento urbano sem levar em conta a mobilidade das pessoas nos grandes centros através da implementação do transporte sobre trilhos.


MOBILIDADE


Na opinião do presidente do Crea-PR, Álvaro José Cabrini Júnior, que também participa do encontro, o transporte é uma prioridade não apenas para as grandes cidades, mas para as pequenas também, embora "nas grandes cidades existam problemas de maior complexidade". São exemplos no Paraná, aponta, as cidades de Curitiba, Londrina e Maringá.


Segundo o presidente do Crea-PR, levará uma ou duas décadas "para serem superadas as deficiências no setor", desde que "políticas públicas bem definidas" sejam implementadas com rapidez. "Sobretudo a região metropolitana de Curitiba merece uma atenção especial. O trânsito na Capital é caótico e às vezes impossível", ressalta. Para Cabrini Júnior "é preciso pensar um transporte público de massa eficiente e rápido para que as pessoas possam deixar seus veículos em casa e o transporte sobre trilhos é uma das alternativas e talvez a melhor".


Por sua vez, o presidente do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), Jaime Sunyê Neto, entende que "a mobilidade urbana implica numa série de soluções", entre elas o transporte de passageiros sobre rodas, a bicicleta e o transporte individual, mas que "existe um grande espaço para o modal ferroviário crescer no Brasil". Segundo ele, o transporte urbano sobre trilhos é "subutilizado" em parte devido a uma "cultura sobre rodas". A formação dos técnicos do setor, avalia Sunyê, poderia levar em consideração "soluções como o bonde, o metrô subterrâneo ou de superfície".


Para o presidente da Ferroeste, "Curitiba vive hoje uma crise de mobilidade, devido à inoperância e à falta de planejamento. Perdemos tempo precioso nos últimos anos. Muita maquiagem, marketing e ilusionismo publicitário e nenhuma criatividade e trabalho árduo ombro a ombro com a sociedade". Ainda segundo Gomes, "precisamos criar com urgência um Consórcio Metropolitano de Transporte Coletivo que avance propostas inovadoras, como o uso de trens para o transporte metropolitano. Curitiba está parando e precisa se reinventar, mas não se vislumbra nos gestores municipais a necessária visão estratégica e o compromisso com a busca inovadora e ousada de soluções para o grave problema da mobilidade dos 3,5 milhões de cidadãos da Região Metropolitana".


Para a engenheira que atua na Ferroeste, Rosana Scaramella, também delegada do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge) na 4ª Conferência Estadual das Cidades, o atual modelo de transporte urbano "privilegia o automóvel e desconsidera que as cidades têm limite para crescer". Especialista em meio ambiente, a engenheira considera que a última crise econômica mundial "só agravou a situação, porque passaram a construir mais carros, piorando a situação ambiental". Os transportes sobre trilhos, segundo ela, são alternativas racionais para o problema da mobilidade humana nos grandes centros.


Já o engenheiro Paulo Sidnei Cordeiro Ferraz, especialista em transporte, chama a atenção para o recente crescimento do transporte ferroviário no país. "No Brasil , do Ceará ao Rio Grande do Sul, estão sendo ampliados e implantados novos sistemas de transporte sobre trilhos como solução para o transporte de massa. O Paraná precisa entrar nessa ‘onda verde’ e pensar mais nesse tipo de solução: metrôs e veículos leves sobre trilhos (VLT)".

Para o engenheiro a solução sobre trilhos "é inadiável". Quando os gestores das cidades pensam em mobilidade urbana, diz ele, "devem pensar em trilhos, senão vamos entrar na contramão do mundo". O especialista, por exemplo, defende a implantação do trem de passageiros no eixo Londrina-Maringá, o Trem Pé-Vermelho.


Continue lendo