Travestis e transexuais de Curitiba fizeram nesta segunde-feira (29) uma mobilização pedindo respeito e o fim da violência contra homossexuais no Paraná. O alerta foi feito durante as comemorações do Dia Nacional da Visibilidade Trans, na Boca Maldita, anel central da capital paranaense.
Conforme dados nacionais de grupos de defesa dos direitos de homossexuais, a homofobia (medo, aversão ou ódio irracional contra homossexuais) é a responsável pelo assassinato de 2,4 mil gays, lésbicas e travestis nos últimos 20 anos. Em Curitiba, 15 travestis e transexuais foram mortos em 2006.
A situação é considerada como alarmante pela diretora do Grupo Dignidade, Carla Amaral (que é também presidente do Transgrupo Marcela Prada). ''As mortes são geralmente bárbaras. Quando não ocorrem mortes, as trans são brutalmente espancadas. Muitas acabam sendo enterradas como indigentes porque não temos direito de como grupo reconhecer e pedir um enterro comum para as vítimas de violência. Aqui, no Paraná, não só agridem como matam as travestis e transexuais'', lamentou.
A violência, segundo Carla, seria fruto da intolerância e do preconceito. ''As pessoas não aceitam que nós somos normais, cidadãs e que temos direito de ir e vir. Isso tem que ser respeitado'', disse ela.
O presidente do Grupo Dignidade e da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), Tony Reis, lembrou que as transexuais e as travestis são as principais afetadas pela violência contra homossexuais e pelo HIV. ''Elas precisam conhecer seus direitos e lutar por eles. A campanha é para esclarecer as trans para a necessidade de usar preservativo. E também fazer com que elas estejam atentas aos grupos de neonazistas que ainda buscam as travestis e transexuais para cometer atos de violência'', alertou.
Foram distribuídos materiais orientativos e preservativos durante todo o dia. No Paraná, estima-se que existam 800 transgêneros. Metade mora em Curitiba e Região Metropolitana.