A Chácara dos Meninos de Quatro Pinheiros, em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba, foi tema da tese do advogado e professor de filosofia Giovani Rossato, na Universidade de Barcelona, na Espanha. Ele escolheu o local como exemplo para falar sobre os meninos de rua do Brasil e as diferentes relações com esse segmento que começaram a surgir desde o início da década de 90, com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente.
A tese "Meninos de Rua e Representações Políticas", começou a ser desenvolvida há quatro anos, quando Rossato recebeu a bolsa da Universidade de Barcelona. Na época, ele interrompeu o trabalho na Universidade Estadual de Maringá, onde trabalha no Departamento de Ciências Sociais, para seguir para a Espanha. Voltou ao Brasil há uma semana, depois de ter concluído o trabalho.
A escolha do tema não foi por acaso. Rossato morou na mesma casa em que o ex-padre Fernando de Gois começou a dar os primeiros passos para a fundação da chácara. Na casa na Vila Lindóia, bairro da periferia de Curitiba, voluntários faziam abordagem aos meninos de rua, discutindo assuntos como drogas e sexualidade e os encaminhavam para a assistência social. No caso de Rossato, o trabalho era realizado paralelamente ao curso de Filosofia que ele cursava, na Pontíficia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
"Essa vivência com os meninos de rua me motivou a fazer também o curso de direito", conta Rossato. Foi por isso que ele seguiu para Maringá, onde concluiu o curso. As duas formações permitiram a Rossato uma abordagem peculiar à tese de doutorado. Nela, ele aponta a mudança que deve ser feita quando se trata de meninos de rua. "Esse segmento deve deixar de ser visto como marginal, para ser visto como um segmento capaz de mudar e participar de uma mudança da sociedade". De volta ao Brasil, Rossato retoma as atividade na Universidade Estadual de Maringá.