Paraná

Temperatura média no Norte do Paraná deve aumentar até 5°C

12 out 2016 às 15:39

Aquecimento no Norte, mais chuva em cidades da Região Sul e seca na Região Metropolitana de Curitiba e no Litoral estão entre as projeções de mudanças climáticas para o Estado apresentadas em pesquisa elaborada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. O projeto, iniciado em 2013, conta com o apoio de profissionais de diversas áreas para reunir indicadores sobre meio ambiente, renda da população, saúde e clima. O objetivo é mapear a vulnerabilidade à mudança do clima em cidades de seis Estados: Paraná, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Pernambuco.

A socioeconomista e doutora em meio ambiente e desenvolvimento Manyu Chang foi uma das responsáveis pelo estudo no Paraná. Conforme a pesquisadora, as visitas aos Estados foram realizadas neste ano e o grupo está na fase de conclusão dos cálculos preliminares. Após a finalização da pesquisa, os dados farão parte de um software e funcionários públicos serão capacitados para atualizar as informações. "Na medida em que há mudanças nas variáveis que retratam a vulnerabilidade, os indicadores também têm que acompanhar isso e têm que ser atualizados a tempo. O importante é que as políticas públicas levem isso em consideração para que o governo não tenha surpresas sobre esses impactos no futuro", reforçou.


Com base em um modelo geral climático adotado na Inglaterra, o estudo prevê aumento médio de 5°C nas temperaturas das cidades da metade norte do Paraná entre 2041 e 2070. Londrina deve sofrer elevação média de 5,3°C. Em Maringá, a previsão de aumento é de 5,4°C. Já em Alvorada do Sul, os termômetros devem aumentar 5,7°C.


"Alguns municípios devem chegar a um pico de 10°C. Com isso, algumas doenças podem aparecer", alertou. No mesmo período, o volume de chuva deve aumentar em até 20% na cidade de General Carneiro (Sul) e haverá redução significativa de precipitação em Pontal do Paraná (Litoral) com queda de 12,4%. As alterações deixam as cidades de Londrina, Curitiba e Foz do Iguaçu mais suscetíveis a doenças associadas ao clima.


Com a publicação dos dados detalhados no ano que vem, a expectativa é que as informações possam ser utilizadas para nortear projetos e investimentos dos governos federal, estaduais e municipais.


Para o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Francisco Mendonça, doutor em geografia e planejamento urbano com ênfase em clima, os gestores públicos precisam estar mais atentos aos resultados das pesquisas. "Há apenas um discurso generalizado midiático. […] É muito baixa a qualidade de projetos e ações em todos os níveis que estariam se desenvolvendo para tentar não só conter os problemas, mas [para] agir antecipadamente. Não há uma adesão em termos de políticas públicas de ação diante dessas condições", lamentou.
No combate à dengue, o Paraná tem utilizado informações climáticas de temperatura e índice pluviométrico para estabelecer estratégias de contenção do mosquito Aedes aegypti. "Isso nos dá uma base das áreas que apresentam risco médio e alto em relação à epidemia. O mapa climático já integra o nosso boletim", explicou Ivana Belmonte, chefe Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

As informações climáticas são repassadas ao Estado por meio de uma parceria com a UFPR. "Este momento é de preparação para diminuir o risco de uma epidemia neste ciclo. Agora está sendo feito um trabalho educativo e de mobilização social, além de capacitações dos servidores para a assistência no Estado", finalizou.


Continue lendo