O objetivo de intercalar temas nacionais no encontro semanal do governo é, segundo o governador do Paraná, Roberto Requião, o de ampliar os debates em torno de um novo modelo de administração e desenvolvimento e proporcionar à equipe oportunidade de ouvir expoentes em diversas áreas.
O ministro do Supremo Tribunal Militar, tenente-brigadeiro-do-ar, Sérgio Xavier Ferolla, apresentou a palestra "Alternativas tecnológicas e industriais no campo da biomassa", destacando as vantagens econômicas potenciais do retorno ao cultivo da mamona no Paraná.
Segundo ele, há uma grande demanda mundial pelos produtos derivados da mamona, como a glicerina e outros similares aos produzidos com petróleo, como plásticos e náilon.
A demanda é especialmente significativa nos países europeus, onde a preocupação com as questões ambientais é maior, já que os derivados da mamona são biodegradáveis.
Além disso, óleo de mamona é misturado aos combustíveis convencionais e, por ser altamente estável, impede alterações no desempenho dos motores em baixas temperaturas.
O Brasil reduziu drasticamente o cultivo de mamona a partir de meados dos anos 80 em função de ser, na ápoca, uma atividade que exigia colheita manual.
Países como a China e a Índia, que mantêm este sistema, são os maiores produtores mundiais e, segundo Ferolla, têm a compra de toda sua produção assegurada. O Paraná teria uma situação favorável em função de dispor de agricultura mecanizada e eficiente.
Segundo ele, este pode ser um mercado competitivo para o Brasil, já que foi desenvolvida uma semente híbrida nacional que protege o solo da possibilidade da planta alastrar-se para além do terreno destinado ao seu cultivo. Além disso, seria uma boa alternativa para a safrinha, plantada em paralelo com a cultura principal.
O Paraná, que chegou a ser o maior produtor mundial, hoje cultiva cerca de 10 mil hectares de mamona, informou o presidente do Iapar, Onaur Ruano.
Segundo ele, o incentivo do plantio da mamona deve ser mais amplamente estudado levando em conta as característica do Paraná. O solo das regiões de arenito, onde os índices de desenvolvimento humano são baixos, tem uma boa resposta para esta cultura.
Segundo o governador Roberto Requião, a proposta de incentivar novamente a produção da mamona e possíveis investimentos em seu beneficiamento estão entre as alternativas que o governo está considerando.
O vice-governador e secretário da Agricultura e Abastecimento, Orlando Pessuti, ressaltou que o Paraná vem desenvolvendo projeto de produção de biodiesel - Programa Paranaense de Bioenergia, parceria entre Iapar, Emater, Universidades, Embrapa e Tecpar, entre outras instituições.
O programa prevê o aproveitamento de outras matérias-primas como girassol, nabo, canola, amendoim, mamona e pinhão manso na produção de biocombustível.
Já o jornalista Mauro Santayana abordou a questão do pacto federativo e lembrou que o Brasil é um mito de país unitário, já que nasceu dividido em capitanias hereditárias.
O jornalista fez um resumo histórico das diversas revoluções e crises políticas que o país enfrentou desde então, tendo sempre como ponto central a questão federativa.
Para Santayana, é hora de se restaurar o pacto federativo, por razões políticas e administrativas. "As comunidades, representadas pelos municípios, clamam maior liberdade e, ao mesmo tempo, é preciso acabar com a centralização de decisões pelo governo federal", disse.
O jornalista destacou que quis apresentar uma reflexão sobre o assunto, num momento em que os debates sobre desenvolvimento sustentável apontam para uma escala em que aparece, em primeiro lugar, a cidade e o município, em segundo lugar o Estado e, em terceiro, a união dos estados. "É preciso resistir e acabar com o garroteamento dos estados e municípios, que não suportam mais depender da benevolência de burocratas de Brasília para poder administrar", conclamou Santayana.
Para o secretário estadual da Fazenda, Heron Arzua, nunca houve no Brasil tanta centralização como na atualidade. "A Lei de Responsabilidade Fiscal asfixiou estados e municípios, mas não atinge a União. A reforma tributária é a federalização definitiva do ICMS, que passa a ser um imposto federal regido por legislação federal", disse Arzua, que considera que o pacto federativo não existe mais. "Qualquer burocrata de Brasília pode controlar os estados", concordou com Mauro Santayana.
Fonte: Agência Estadual de Notícias